Leia “Humilhada por que?” na Coluna de Valdete Braga

Home » Leia “Humilhada por que?” na Coluna de Valdete Braga
Por Tino Ansaloni Publicado em 06/10/2015, 07:48 - Atualizado em 06/10/2015, 07:53
Valdete Braga Uma amiga estava muito aborrecida por ter sido humilhada por uma colega de trabalho. Chegou em prantos, magoada, falando em pedir demissão. Reunimo-nos, um grupo de amigos, e a chamamos para sair, comer pizza e descontrair. Foi difícil convencê-la. Como é natural em um momento desses, ela preferia ficar sozinha, curtindo sua chateação, mas conseguimos. Nada de festa ou muita gente, éramos um total de 6 pessoas, de diferentes tipos, mas com um pensamento em comum: ajudar uma amiga que sofria. Ela estava precisando desabafar, e contou-nos as palavras agressivas que ouviu e do que foi chamada. Trocamos idéias, cada um de nós dando apoio da maneira que sabia ou achava que devia. De “deixa isso prá lá”, até “vontade de dar um murro”, passamos por vários caminhos, até que um amigo do grupo, no que eu só posso definir como inspiração divina, perguntou para ela: “ diga uma coisa: você concorda com a sua colega?” Ficamos todos sem entender exatamente o que ele queria dizer, e ele reforçou: “você acha que é tudo isto?” ao que ela respondeu “é claro que não”. Ele complementou: “então está se sentindo humilhada por que? É só a opinião dela.” Após este diálogo, lembrei-me de um ditado do qual gosto muito e conheço algumas pessoas que colocam em prática. “Ninguém pode ofender você sem o seu consentimento”. Frase perfeita. Ofender, humilhar, é coisa de gente mesquinha. Existem maneiras e maneiras de dizer a mesma coisa. Pode-se discordar, pensar diferente, até, embora a expressão seja meio adolescente, “chamar a atenção” do outro, sem ofensas pessoais. Da mesma forma, pode-se reconhecer um erro, desculpar-se e voltar atrás, sem que isso macule a imagem da pessoa. A observação do nosso amigo serviu não apenas para a pessoa que estava com o problema, como para todos nós. “Está se sentindo humilhada por que?” Quanta sabedoria em uma simples pergunta! Na verdade, a resposta já está embutida nela. Cabe a cada um vestir ou não a carapuça. Ninguém pode humilhar ninguém sem o seu consentimento, mesmo. Se houve um erro, que ele seja consertado e a situação resolvida. No caso em questão, era algo tão simples que foi resolvido na hora, mas ainda que fosse algo mais sério, nada justifica agressões, físicas ou verbais, a quem quer que seja. A conversa rendeu, mas em outro tom. O clima desanuviou de uma forma maravilhosa, todo mundo ficou mais “leve”, e quando viemos embora a razão do encontro não existia mais. Obviamente, a minha amiga não esqueceu de uma hora para outra. Vai precisar de tempo, certas mágoas demoram para passar. Mas mudou a forma de encarar a situação. Pedir demissão? Nem pensar. Chorar por isso? Nunca mais. Voltou para o trabalho com a cabeça mais erguida do que nunca, e a tal colega que ofendeu não deve ter entendido nada.

Deixar Um Comentário