Brunello Amorim O domingo em si após às nove da noite já é uma maldição. E quando o Galo perde tudo piora mais. Quando o Galo é goleado? Ah, aí num tem jeito. Por que, São Victor? Por quê? Por que que tem que ser assim? O fato é que daí pra frente é difícil alguma coisa no mundo tirar um sorriso do atleticano. Quando é assim, só lembramos da época de vacas magras que passamos na década passada. Década marcada pelo bordão marcante do lendário radialista Roberto Abras: “Ê, Galo!” É assim mesmo. A gente lembra de tudo, menos das coisas boas da vida. E vira um tormento. Já não bastasse a segunda-feira, o horário de verão, o trabalho pela manhã, o ônibus lotado e a ressaca do fim de semana, o Carlos resolve estragar mais um pouco e ser expulso com dezoito minutos de jogo. Nesta altura do jogo, o Galo já perdia por um gol para o Sport. O torcedor de um time qualquer, em momentos como este, desligaria a televisão. Sairia da sala, ia fazer o jantar ou procurar um filme para assistir no computador. Mas o atleticano não, meu amigo. O Galo é amor, não é simpatia. E a gente fica lá, torcendo como se o jogo estivesse zero a zero, cornetando, xingando e comemorando até drible do Patric. E depois de 75 minutos sofridos de futebol é pênalti pro Galo. Sport 4 Galo 1. Quem é atleticano sabe que no fundo da alma a gente ainda acredita no empate. Quiçá na virada. A gente fala alto, mas em tom de brincadeira: “Dá pra virar heim?” Toda brincadeira tem um fundilho de verdade, principalmente quando o desafio é lutar contra o impossível na vida do atleticano. Mas dessa vez não. O Galo perde em Recife. Agora o título brasileiro fica mais distante, oito pontos nos separam da liderança. A boa notícia ao final da rodada é que a Libertadores está praticamente garantida. O único time de Minas Gerais a disputar o maior torneio entre clubes da América. Mais um ano para os cruzeirenses se renderem a assistir ao show do Galo. O futebol é assim, nem sempre se ganha e quando perde a dor é grande. Xô zica, xô segunda-feira! Enquanto isso, o atleticano ainda acredita. Eu acredito, o mantra segue vivo. O pulso ainda pulsa. Ê, Galo!
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