Coisas do Cotidiano: Leia “Condição Milenar”, por Antoniomar Lima
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
Sabemos que os acontecimentos se sucedem inexoravelmente num piscar de olhos: pessoas nascem, outras morrem. Essa é a condição humana desde a queda de Adão e Eva.
Não estamos isentos de receber, ou mesmo de passar pelo trâmite da morte. É triste, deveras, mas faz parte da condição milenar que herdamos. E sobre ela há muitos questionamentos, em vão, mas há.
Entretanto, de todas as heranças que herdamos essa é a mais melancólica, que segue incompreensível, pois ninguém a aceita de mão beijada, como um acontecimento verdadeiramente natural – apesar de comumente admitirmos isso! - mas ela existe, mesmo contra a nossa vontade.
Perdi uma sobrinha querida, Nádia Teixeira, que sou suspeito de adjetivar, mas que terei nas minhas perenes e seletas lembranças.
Na hora que recebemos a notícia do passamento de alguém, principalmente de um ente querido, nos sentimos arrasados, sem chão, como se fossemos nocauteados e precisássemos de um tempo para voltarmos à realidade e, assim, nos resignamos – não temos alternativa – para buscarmos consolação nas promessas do Deus maior.
Mas não é algo simples, algo banal, como se nada tivesse ocorrido. A dor vai direto na alma, direto no íntimo de quem sente, e só quem sente sabe como se sente e o que sente.
É como um vendaval interno, algo inexoravelmente inexplicável, como se fosse um diálogo silente entre nós e os arcanos da existência e que obrigatoriamente temos que buscar forças porque a impressão é que seremos arrastados pelo vendaval.
Os leitores hão de compreender-me, hão não de discordar – podem discordar à vontade - mas é um acontecimento que deve ser encarado de frente, afinal de contas, ele existe, não é algo para ser ignorado, é algo para ser, mesmo forçosamente, compreendido, que nos faz repensar nossa existência.
Guimarães Rosa dizia: "as pessoas não morrem, ficam encantadas".
E nós que seguimos nesse plano? Creio que, de certo modo, com tempo, nos sentimos também "encantados" pela auréola que fica da "saudade" que o ente querido deixou em nossos corações e nas memórias indeléveis.
Laudate Dominum
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