Coisas do Cotidiano: Leia “Carta ao meu Pai”, por Antoniomar Lima

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

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Por Antoniomar Lima Publicado em 16/08/2024, 10:43 - Atualizado em 16/08/2024, 10:43
Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

Ao contrário da carta que Franz Kafka escreveu para seu pai, estou no rol daqueles filhos que tiveram um grande pai, presente, solícito para não dizer incrível. Talvez, a palavra "incrível" sintetize a presença do Sr. Antonio Lima no seio da família que constituiu.

Nascido em Cururupu, interior do Maranhão. Desde cedo - pois, perdera os pais muito jovem - viu-se na iminência de lutar pela sobrevivência.
Diante dessa situação, deslocou-se para São Luís. Onde conheceu Maria Isabel Reis Lima, minha mãe (também falecida).

O que me cativava nele eram a humildade e a diligência. Era um homem que não tinha letras, mas era prático - coisa que, por mais que tentei não consegui herdar.
No lugar da diligência herdei a honestidade, pilares estes que, ao partir para a terra alheia para cumprir o meu destino, trouxe no alforje da minha alma e que têm me ajudado de forma considerável durante a minha caminhada.

Hoje completa dez décadas de sua partida, dez anos de uma saudade que não cessa…

Seu Antonio foi um homem dedicado à sua família, fora talhado com essa virtude que, muitas vezes, ocorre no anonimato pelo amor, desprendimento e sinceridade, pois já dizia o poeta britânico William Shakespeare 'muito barulho não quer dizer absolutamente nada." Foi assim, exatamente, assim que ocorreu. E, assim, ele se foi, em silêncio, cônscio que cumprira seu dever.

Deus foi tão bondoso comigo - este filho ingrato - que me deu oportunidade de vê-lo uma vez mais, pela última vez na terra. Ele aguardou minha presença, mesmo atropelada, não para dizer-lhe adeus, mas simplesmente para vê-lo como das outras vezes para amainar a saudade.

Este dia, o dia de sua partida, está na minha memória para ser cultuado enquanto Deus me der o privilégio de respirar e poder externar meu sentimento de saudade.

Se há um lugar nos céus para bons pais ele está neste lugar. Nesse sentimento de saudade está embutida a palavra "gratidão".

Queira Deus que estas palavras cheguem ao seu conhecimento para que saiba que não o esqueço e que o amor que nos une continua o mesmo.

Mariana, MG, 16 de agosto de 2024.

Laudate Dominum

Um Comentário

  1. Iolanda de Jesus L 16/08/2024 em 11:19- Responder

    grata pela verdade em suas palavras.
    Ele foi um tesouro e deixou para nós todos a maior riqueza, os valores.

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