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‘Esvazie os espaços, defenda Albert Camus!’, na coluna ‘O Reverso do Óbvio’, por Sarah Tempesta

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 04/07/2019, 12:53 - Atualizado em 04/07/2019, 23:51
Sarah Tempesta é bióloga, colunista no site Global Sustentável e está sempre em busca do reverso do óbvio. Siga no Google News

Joy Division, Quenn, The Cure, New Order e Talking Heads, fiéis e apaixonados por Albert Camus, escreveram suas letras de maior sucesso embasados na obra literária de Albert Camus, ou “Kami”, comumente conhecido no Brasil, e detestado nas Academias de Ciências Humanas brasileiras,  desconfio o motivo: a briga entre Albert Camus e Jean Paul Sartre. Entre Camus e Sartre, eu defendo Camus e esvazio os espaços!

No mundo chique e elitizado, amar Albert Camus é heresia polivalente e cólera em copo de plástico!

Todos os livros de Albert Camus são importantes, até mesmo O Estrangeiro, o livro popular que se vendia em banca de jornal, é um perfume literário, é um texto modificador e íntimo, no sentido individual , porque cada leitor sente de um jeito único e é essa a grande presença de Albert Camus, o sentimento sem medo, sem culpa, sem libertações, sem limitações e confiante no raso racional.

É óbvio que Albert Camus jamais renderia-se ao sistema anarco burguês de Paris, do Sartre, a desavença em realidade se deu por “Kami”, era carismático mesmo calado e suas brigas eram por bilhetes, silencioso e majestoso, mesmo para um garoto que nasceu de uma empregada doméstica, num bairro imundo, pobre e obsoleto da Argélia, essa bagagem de vivências estão todas impressas no sentido absoluto do poético, em seus livros.

Iggy Pop, mesmo sendo de Detroit nos Estados Unidos, certa vez disse que “Kami”, chegou até ele através de um amigo, imediatamente ele decidiu ser cantor, quando Albert Camus chegou em minha vida, imediatamente decidi ser Bióloga ( Darwin e Camus é uma combinação explosiva!).

Estranhamente, todas as pessoas são estrangeiras em um país imaginário que só existe em nosso cérebro, vivemos paralelamente em nossas mentes, só não temos a coragem de Albert Camus de externar as nossas poucas culpas e nossas adocicadas frivolidades colocadas em gotas cotidianas de razão e a extensão do controle da emoção.

Vivemos a era patética da imagem, Albert Camus viveu intensamente o pensamento livre, a palavra solta e a escrita sem paixão e sem aflição, não há paixão aflita para Albert Camus, existe sim o controle mecânico e espontâneo das pessoas que são mastigadas por saberes, dores e decisões precisas.

Albert Camus não acredita e não panfletava a culpa imaginária religiosa ou mística, não há culpa, a vida para Albert Camus é um conjunto das soberbas que são extintas quando o homem se percebe em um tempo cronológico, e esse mesmo tempo te fará perceber que você é curto, previsível e vulnerável, viva e somente viva, não interfira na vida dos outros e pouco interfira em sua própria vida, essa é a moeda de troca de Albert Camus em sua obra literária, em O Estrangeiro, não estamos contemplando um estrangeiro, e sim “Marçoul”, um homem tão franco, tão verdadeiro que nos constrange. Mas você pode constranger as pessoas irritantemente intelectualizadas, aquelas que com aquarelas imaginárias pintam livros que nunca leram, defenda Albert Camus, leia Albert Camus, se alimente de Albert Camus, o resultado é no mínimo uma experiência verdadeiramente intelectual.

Esvazie os espaços, você não precisa viver das imagens alheias, seja a sua imagem e assemelhe-se consigo mesmo!

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