Quando um monumento histórico desaba, desaparece. Em síntese, é varrido do mapa pela ação do tempo ou, mesmo por causas naturais, como aconteceu na última quinta-feira (13), com o Solar Baeta Neves do século XVII, em Ouro Preto, Obviamente que um pouco da memória vai-se com ele. Sobram as imagens, registros de datas de fundação etc. e tal como último consolo – Certamente alguém teve esse cuidado de reunir esse material – que não se comparam com a presença física, concreta. Entretanto, diante das circunstâncias podemos dizer que ‘dos males o menor’.
Há certa conformação – forçada, é claro - quando vem a nossas lembranças que fora uma causa natural que extinguira o referido monumento acima e que, graças a Deus não houve perdas de vidas humanas que, como sintetizou muito bem um funcionário da defesa civil: “a vida é o nosso maior patrimônio!”
Diferente de outras situações, como por exemplo, quando os monumentos, vez por outra, aparecem pichados e depredados, vandalismos esses causados pelas próprias mãos humanas, ficamos indignados com tais ações com o bem público e, com razão, pois os custos são altos para a conservação e manutenção pelos órgãos responsáveis, no caso, o IPHAN.
Situação inversa: quando se trata de causas naturais a sensação catártica é de tristeza e saudades, principalmente se o monumento fazia parte de um tempo dourado de uma geração que deixou as suas marcas na história local ou nacional.
Aliás, li em algum lugar que medidas prévias poderiam ter sido adotadas pelas autoridades, isto é, não para evitar as causas naturais – pois, estas acontecem independente da vontade humana. Mas, de uma prevenção mais ativa e que fosse viável, na medida do possível, construir muros de contenção, barreiras e coisas do gênero, na tentativa de salvar algum monumento que estivesse correndo riscos iminentes de desabamentos para que as perdas não cheguem a ser tão significativas e que dê esperanças de uma possível restauração.
Quem sabe, daqui pra frente haja um movimento mais consistente nesse sentido em prol de conservar - por mais tempo possível - os legados da época de ouro da cidade que mais simboliza os ideais de libertação de um país, hoje, soberano?
Laudate Dominum
“Coisas do Cotidiano”
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana”.
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