Outro dia, conversando com um amigo, o assunto girou sobre a constituição federal onde, segundo ele, tem muitas leis que não servem para nada. A princípio concordei com ele ao detectar a sua justificada indignação.
Mas, no decorrer da conversa, refletindo com mais clareza, lhe falei que não é bem assim, isto é, que não devemos levar esse assunto ao pé da letra.
As leis que estão politizadas (aprovadas) no papel são leis que precisam estar ali, pois são elas que regem os nossos direitos e deveres na sociedade.
Quando alguém, por exemplo, infringir alguma, os juízes, advogadas etc. e tal, podem recorrer a elas para, digamos, frear possíveis extrapolações perpetradas por alguém.
Se elas não estiverem politizadas não há como reivindicar nem corrigir as falhas, ou práticas ilícitas que possam surgir.
Além do mais, se está ruim com elas, sem elas vira bagunça, baderna. Isto é, os infratores se sentirão à vontade para praticar erros como se tudo fosse permitido.
Pudera que nós seres humanos pudéssemos viver sem a presença das leis escritas, mas conscientes da importância de cultivarmos o bem, o amor ao próximo! Mas, infelizmente, ou felizmente, temos que conviver com elas como irmãos xifópagos para sabermos de sua existência e sabermos que certas ações de nossa parte têm limites. Isto é, onde começa o meu direito começa o do meu semelhante e vice-versa.
No campo religioso não esqueçamos que Deus ao instituir os dez mandamentos foi justamente por perceber que o povo hebreu necessitava de leis que os guiasse naquele momento e que duram até hoje.
Assim como as leis eclesiásticas, certamente as leis seculares também são burladas. Leis que, aliás, são muitas e que existem para amparar as pessoas de bem e que infelizmente nem sempre cumprem esse papel.
Além da conhecida e viciada morosidade em decorrência da burocracia sabida por todos e tal muitas vezes, serve até de chacota quando se fala da caducidade de muitos casos...
Enfim, a burocracia é um grande empecilho, no caso dos julgamentos e execução das leis.
Meu amigo retrucou: "mas as mesmas leis que protegem o cidadão de bem também protegem bandidos?”
Eu lhe disse: “certamente. Mas aí que está o x da questão. os cidadãos de bem não sofrerão as consequências, no mesmo nível, dos que burlam as leis. Esses terão que prestar conta com as leis dos homens, agora, quanto às leis de Deus aí já são outros quinhentos e, creio que a punição será mais severa. Em síntese, podemos até escapar das leis dos homens, mas jamais das leis de Deus”.
Aí quase no término da conversa – se serve como consolo - um pensamento de Salvador Allende me acudiu, no qual ele disse: ‘não basta que todos sejam iguais perante a lei, é preciso que a lei seja igual perante todos’.
Nesse ponto, percebi que ele se sentiu, digamos assim, mais satisfeito. E, é claro, eu também.
Laudate Dominum
“Coisas do Cotidiano”
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
Parabéns pelo trabalho 👏🏿👏🏿👏🏿
Que Deus continue te abençoando sempre 🙏🏿🙌🏿🙏🏿