A Biblioteca Pública de Ouro Preto tem assumido um papel notável junto à juventude, abrindo suas portas para a efervescência das narrativas da juventude local. Nesse palco, as estantes de livros são o cenário.
A iniciativa, marcada para o próximo sábado 23/12, às 16h, na rua Xavier da Veiga, traz consigo uma atmosfera de elogiável grandeza. Afinal, o que poderia ser mais democrático do que proporcionar à juventude a oportunidade de participar de uma batalha de rap?
Uma competição singular, desprovida de troféus tradicionais, mas que eleva ao máximo a exclamação da juventude em sua voz potente, ecoando pelas vielas históricas, como “um brado retumbante”, as impressões que têm do mundo.
Nessa batalha, não se mede forças físicas, mas sim o ímpeto criativo e a forma única de enxergar o mundo por parte dos jovens ouro-pretanos.
É um evento que transcende o ordinário, um espetáculo onde as palavras se tornam as verdadeiras protagonistas, disputando espaço no coração da cidade.
Assim, a Biblioteca se transforma não apenas em um depósito de livros, mas em um epicentro cultural onde a juventude, em sua expressão mais autêntica, ganha destaque.
Uma ode à diversidade de vozes e perspectivas que compõem a comunidade das periferias, tetranetas dos navios negreiros.
E que, no final das contas, não precisa de troféus para validar sua importância, pois a verdadeira conquista está na celebração da juventude e na sua capacidade única de transformar o comum em extraordinário.
A palavra como base tecnológica das comunicações
O léxico é como o guardião das palavras, o dicionário que as organiza em uma dança alfabética, acompanhada de seus significados. Esses significados não são apenas definições, são os traços que emprestam alma, que representam as coisas de maneira única. Assim, as palavras transcendem sua mera função de expressão e se tornam portadoras de ideias.
É nesse universo lexical que surgem as ferramentas que conectam almas, que rompem distâncias e dão vida às sensações: a imprensa, o rádio, a música, as artes plásticas, todas formas subjetivas de transportar emoções.
Quando buscamos o léxico, não estamos apenas atrás da origem das palavras, mas mergulhando na essência das ideias. Descobrimos que tecnologia, esse conceito tão moderno, tem raízes antigas no grego: tekhnología, derivado de tékhnē, que significa arte, artesanato, indústria, ciência, e -logía, de lógos, linguagem, proposição.
A tecnologia, então, não é apenas a inovação dos dias atuais, mas uma expressão intrínseca da criatividade humana ao longo do tempo.
Se o homem é um produto da natureza e se desenvolveu através da fala, da escrita e das artes, podemos afirmar que as palavras e as formas de linguagem são produtos tecnológicos da misteriosa e maravilhosa natureza humana. Somos os artífices de uma linguagem que transcende o mero comunicar; somos construtores de mundos através das palavras.
O livro, considerado uma tecnologia em si, assume o papel de suporte tecnológico. Ele é o veículo que transporta mensagens, codificadas pelo emissor e lançadas ao destinatário.
Cabe a cada receptor a missão de decodificar essas mensagens, mas não somos meros espectadores passivos. Cada um de nós recebe a mensagem, a interpreta, a grava e a compartilha, mas não de forma homogênea. Uns amplificam, outros compreendem, alguns preferem fingir que não entenderam, e há aqueles que distorcem as mensagens de acordo com suas perspectivas.
As mensagens são multifacetadas, capazes de ensinar, informar, alegrar, entristecer, causar furor e, ao mesmo tempo, nutrir esperança.
Elas são um legado que serve a anciãos, jovens e crianças, uma riqueza compartilhada que transcende gerações.
A Biblioteca, por sua vez, é o sagrado repositório dessas mensagens. Ela é a casa mãe das palavras, onde estas se entrelaçam para dar forma às ideias que moldam nossa compreensão do mundo.
A democratização da leitura, antes restrita à sociedade aristocrática e ao clero, teve seu marco significativo durante os séculos XVIII e XIX, principalmente com o advento da Revolução Industrial e os movimentos culturais associados a ela.
Antes desse período, a posse de livros e o acesso à educação eram privilégios das classes mais altas, como a aristocracia e o clero. A invenção da prensa de tipos móveis por Johannes Gutenberg no século XV possibilitou a produção em larga escala de livros, mas inicialmente, a disseminação do conhecimento ainda estava limitada.
Durante os séculos XVIII e XIX, com o surgimento da imprensa periódica, como jornais e revistas, houve um aumento significativo na produção de materiais de leitura. Isso, combinado com avanços na educação e mudanças sociais, contribuiu para a expansão do acesso à leitura para as massas.
Movimentos como a Ilustração, que enfatizava a razão, o conhecimento e a educação como ferramentas para a melhoria da sociedade, também desempenharam um papel crucial na disseminação da leitura entre diferentes estratos sociais.
Além disso, as bibliotecas públicas começaram a ser estabelecidas, proporcionando um espaço acessível para que as pessoas pudessem ter acesso a uma variedade de livros sem a necessidade de posse individual.
Essas transformações sociais e tecnológicas contribuíram para que a leitura deixasse de ser exclusividade das elites e se tornasse mais acessível às massas, marcando uma mudança significativa na história da disseminação do conhecimento e da cultura.
Viva a Biblioteca pública de Ouro Preto! Viva o Rap!
Jornal Voz Ativa, dever de informar!
Deixar Um Comentário