Veja dezenas de fotos abaixo do texto, clicando nas miniaturas Por João Paulo Silva Professores da Rede Municipal de Ensino de Ouro Preto (MG) estiveram na Câmara de Vereadores na manhã desta quinta-feira (07). A classe interrompeu as suas atividades a fim de reivindicar a aplicação do piso nacional para os professores do município. O protesto teve grande adesão dos educadores da cidade. Segundo Silvana de Assis, vice-presidente do Sindicato dos Servidores e Funcionários Públicos Municipais de Ouro Preto (SINDSFOP), “quase 100% dos professores participaram da paralisação”. Na ocasião a reunião ordinária da câmara foi interrompida para que os vereadores pudessem auxiliar os manifestantes em prol de seus objetivos. Os vereadores concederam a tribuna ao SINDSFOP e foram prestados esclarecimentos sobre o Piso Nacional dos Professores. Silvana de Assis afirmou que a classe se sentiu honrada com tal atitude, no entanto, acredita que isso não os exime das outras responsabilidades. “Os professores estão felizes em saber que podem contar com essa casa. Contudo, é preciso ressaltar que Mariana - a cidade vizinha que recentemente sofreu um grave desastre ambiental - paga R$ 3.089, 62 (três mil e oitenta e nove reais e sessenta e dois centavos) de salário base aos seus professores”, lembrou Silvana. O piso nacional dos professores referente ao ano de 2016, reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), é de R$ 2.135,00 (dois mil cento e trinta e cinco reais). Atualmente o piso em Ouro Preto não passa de R$ 1.903,89 (mil novecentos e três reais e oitenta e nove centavos). Questionada se já houve interesse por parte do poder público em dialogar com os professores antes da paralisação, Silvana afirmou: “o que houve foram apenas notas objetivando mostrar aos outros servidores, aos alunos e à população em geral que Ouro Preto paga além do estipulado pelo piso nacional. Eles fazem isso usando a estratégia da proporcionalidade. No entanto, a maioria do corpo docente já possui pós-graduação, alguns inclusive com título de doutorado e sabem muito bem interpretar os números. E inaceitável não recebermos o piso estipulado pelo Ministério da Educação”. A tabela abaixo, mostrada pela Diretoria do SINDSFOP mostra a comparação dos valores estipulados pelo Piso Nacional e os valores aplicados em Ouro Preto:
Ano | Valor do Piso Nacional | Salário Base do Professor |
2011 | R$ 1.187,14 | R$ 1.229,54 |
2012 | R$ 1.451,00 | R$ 1.450,89 |
2013 | R$ 1.567,00 | R$ 1.785,93 |
2014 | R$ 1.697,00 | R$ 1.857,37 |
2015 | R$ 1.917,68 | R$ 1.903,80 |
2016 | R$ 2.135,64 | R$ 1903,80 |
Às 12h, encerrada a reunião na Câmara Municipal, os integrantes do manifesto seguiram em caminhada pela Rua Direita rumo à prefeitura. Alguns vereadores da atual gestão, inclusive o presidente da Câmara, Thiago Mapa, deixaram suas atividades e acompanharam os professores. Dentre os vereadores, estiveram presentes: Alysson Gugu, Chiquinho de Assis, Edison Wander Ribeiro, Carlos Eduardo Dias, Nicodemos Martins de Matos, Maurício Moreira, Solange Pereira, Wander Albuquerque e José Geraldo Muniz. Todos os vereadores citados participaram da conversa e acordaram entre si que travarão as votações da prefeitura na casa legislativa até que seja resolvido o caso do Piso. Como já esperavam e comentavam os manifestantes o prefeito não compareceu para o diálogo. Três representantes do poder público participaram da conversa: o Secretário de Planejamento, Érico Otávio Diniz Couto; o Assessor Especial Paulo Márcio da Silva e o Gerente de Recursos Humanos, Felipe Fernandes Vilela Silva. A professora Delvania Aparecida dos Santos ressaltou outros problemas enfrentados no cotidiano da escola, destacando a defasagem na quantidade do corpo docente capaz de atender às demandas da escola, infraestruturas danificadas, falta de material didático e perseguições na educação. “Inclusive fui orientada a dar aulas de Educação Física, o que é um absurdo, já que não tenho capacitação para ministrar essa disciplina”, desabafou. O movimento mostrou a força de mobilização das classes e a fragilidade do governo, que, diante de um quadro de crise, bradado aos quatro cantos, ainda mantém um grande número de cargos comissionados, o que onera a folha de pagamento. Em algum momento da conversa o termo “cortar na própria”, que faz uma alusão ao fato da necessidade de exoneração de cargos, para que o valor economizado seja empregado em outras áreas, inclusive a educação, arrancou aplausos de todos os professores e diretoria do Sindicato. As reivindicações foram ouvidas pelos servidores da prefeitura, os mesmos afirmaram que as levarão ao conhecimento do prefeito a fim de que sejam tomadas as devidas providencias. O SINDSFOP, bem como todos os interessados, irá aguardar até a próxima quarta-feira (13) por um posicionamento da administração. Aos gritos de “Ô Zé Leandro, deixa de ser mal, pague ao professor, o piso nacional!” teve fim a reunião.
Deixar Um Comentário