A Câmara Municipal de Ouro Preto realizou, nesta quinta-feira (16), a 15ª Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), nomeada pela Portaria Nº 36/2021 para apurar e investigar o processo licitatório e o contrato de concessão da empresa Saneouro.
A sessão contou com a oitiva do ex-prefeito do município de Ouro Preto, senhor Júlio Ernesto de Grammont Machado de Araújo, na condição de testemunha. A reunião foi a mais duradoura até então. Durante as mais de sete horas de depoimento, a CPI contou com grande participação popular a todo momento, tanto online, através do Youtube e Facebook da CMOP, como presencialmente, seguindo todos os protocolos de prevenção à Covid-19.
Em um primeiro momento, o Relator da CPI, vereador Renato Zoroastro (MDB), questionou o depoente sobre o porquê da gestão ter optado por adotar a concessão privada em detrimento da captação de recursos para financiar as obras necessárias.
O ex-prefeito respondeu que, na época, houve uma tentativa conjunta para que o Semae reavesse seus recursos. Segundo o depoente, apesar de haver um investimento de cerca de R$ 10 milhões ao ano, não havia arrecadação suficiente através da Tarifa Básica Operacional (TBO), sendo necessário que o restante do valor fosse injetado pelo município na forma de subsídios a fim de que o Semae arcasse com suas despesas.
“Apesar do esforço dos funcionários, o serviço era muito precário, pois sempre exigia mais recursos. Havia muito pouco investimento, dado que o valor arrecadado era destinado às despesas operacionais do serviço. Para haver investimento seria necessário um valor muito maior, exigindo muito mais recursos”, apontou.
O Vice-Presidente da CPI, vereador Naércio Ferreira (Republicanos), perguntou se a testemunha saberia informar quem havia decidido sobre o maior lucro da empresa ao invés da menor e mais justa tarifa para o usuário ouro-pretano. De acordo com o ex-prefeito, não houve decisão, mas sim uma consequência do certame. “Cada empresa passa por uma qualificação técnica e apresenta sua proposta com o limite máximo”, disse.
O vereador Matheus comentou sobre o depoimento do ex- prefeito diante da Comissão, ressaltando o envolvimento e a importância da testemunha diante de todo o processo de concessão da empresa Saneouro, além das poucas respostas satisfatórias dadas pelo depoente.
“O depoimento de hoje foi importante, mas, ao mesmo tempo, ficamos frustrados, pois muitas perguntas ficaram sem respostas. Fiquei surpreendido, porque um ex-gestor municipal que tem um compromisso com a cidade se mostrou desinteressado e distante do assunto Saneouro e dessa situação difícil que estamos vivendo. Importante destacar que nós vereadores não somos contra o tratamento de água e esgoto, não somos contra o consumo controlado, muito pelo contrário! Nossa luta é pela prestação de um serviço de qualidade e justo, o que não vem acontecendo”, destacou.
Já o vereador Renato Zoroastro comentou sobre o andamento da CPI e do relatório preliminar. “A gente entendia, em um primeiro momento, antes da oitiva de hoje, que estávamos encaminhados para o relatório parcial e, brevemente, para o final. Porém, diante da manifestação do ex- prefeito, surgiram novas pessoas que serão convocadas a participar das próximas oitivas, justamente para levantarmos as informações que não conseguimos obter com o depoente de hoje. Vale lembrar que qualquer pessoa que já esteve presente, pode voltar para prestar novos esclarecimentos. Temos o relatório parcial praticamente pronto, mas ainda estamos levantando informações para fazerem parte de um futuro relatório final”, frisou.
Próximas sessões
Ao final da sessão, foram votados e aprovados Requerimentos solicitando a presença de outras testemunhas para novas oitivas.
Já na próxima quinta-feira (23), às 15h, acontecerá o depoimento do representante da empresa Águas do Brasil, que já havia sido convocado, porém não compareceu ao plenário.
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