As redes sociais conseguiram, em alguns anos, o que as melhores universidades do país não conseguiram em décadas. Diplomaram centenas, quiçá milhares de doutores e especialistas nos mais diversos assuntos, sem uma única prova de aptidão.
Atrás da tela do computador ou smarthphone, diariamente aparecem donos absolutos da verdade universal, pessoas que teclam suas opiniões, sempre com certeza absoluta, sobre assuntos que estejam em pauta. Ali, em suas cadeiras, são absolutos e plenos. Sabem tudo, entendem de tudo, dominam todos os assuntos. Se são questionados, o errado é sempre o outro, e alguns, principalmente aqueles que já são conhecidos no mundo das “celebridades” já têm o seu exército particular, para apoiar o que escrevem, sem sequer ter o trabalho de ler. Sem contar, é claro, os perfis falsos, às vezes do próprio autor da tese defendida.
O mundo virtual aceita tudo, dentro da democracia. O pequeno e indiscutível detalhe de que alguns se esquecem é que, exatamente por se tratar de um espaço democrático, o que é hoje pode deixar de ser amanhã, e isto impossibilita a tal certeza absoluta, de que muitos se arvoram.
Todos somos donos de nossas opiniões, mas ninguém é dono da verdade. Às vezes chega a assustar certos comentários e certos tons, já que muitos se utilizam também de áudios ou vídeos para exibirem sua posição diante de algum tema específico. E, ao contrário do que possa parecer, não acontece apenas entre os famosos da televisão. A moda já chegou entre nós, pobres mortais, e está crescendo.
Tem doutor pra tudo. De reallity show de TV a economia mundial, que gente especializada! Falam com tanta convicção e certeza, que até quem sabe que não é nada daquilo fica tentado a acreditar. A questão não é o que é dito, gravado ou filmado. Cada um de nós tem o seu modo de enxergar os fatos, de acordo com a sua percepção, e isto é bom, que lugar chato seria um mundo onde todos pensassem igual! O problema não é expor uma opinião, é tomá-la como verdade e querer exigir que todos concordem.
Nos dias atuais temos visto muito isto. Pessoas que “se acham” a um nível em que fica chata a leitura, audição ou visão do que ela diz. Quando a pessoa expõe o que pensa com clareza de expressão e respeito ao outro, mesmo que a gente não concorde, vale a pena ler, ouvir ou assistir. Aprendemos na divergência e muitas vezes é a divergência que nos faz pensar e até voltar atrás em alguma idéia que percebemos estava errônea. Não há nenhum mal nisto, pelo contrário, a gente cresce quando aprende. Mas não se aprende na arrogância, na certeza absoluta de que ali está a única verdade possível. Pelo contrário, a comunicação fica chata e dispersa nossa atenção.
As redes sociais trouxeram aprendizado, sem dúvida. Quantos internautas talvez não tivessem a oportunidade de nos trazer tanta coisa boa, ensinamentos, diversão, etc, se não fossem elas. A estes, todo o meu respeito.
Por outro lado, trouxe também os doutores especialistas, que pegam um limão para fazer limonada e o torna ainda mais amargo. A estes, só mesmo um fã clube organizado para aplaudir sem ler, ouvir ou assistir o que postam. Estes ficam com sua verdade absoluta e seus seguidores cegos. Nós outros vamos procurar algo mais interessante para ver.
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