Assistindo à comoção, mais do que justificada, aliás, que tomou conta da classe artística com o falecimento da Fernanda Young, fico imaginando como a vida é realmente um sopro e quando tem de ser, não existe força humana que impeça.
Nestas horas, todas as frases de efeito se tornam realidade e a gente vê que não são tão de efeito assim. Muitas são absolutamente reais. Se para pessoas como eu, que acompanhavam o trabalho dela apenas como espectadora, sem nenhum vínculo profissional ou pessoal, foi chocante, imagino para aqueles que conviviam diretamente com ela, principalmente a família
“Morte estúpida”, “sem explicação”, “como pode”, alguns dizem. Na verdade, nenhuma morte é estúpida. Cada uma arruma a sua desculpa para chegar, mas na hora chega, seja para famosos ou anônimos, ricos ou pobres, etc. O que acontece é que algumas chocam mais, pela desculpa que escolhem.
Independentemente de ser famosa, uma moça jovem, cheia de vida e de planos, apaixonada pela vida como fazia questão de frisar em todas as suas entrevistas, partir após um ataque de asma, é muito difícil de assimilar.
Fernanda Young tinha 49 anos e brincava que não tirou o “Young” do seu nome, porque ainda tinha muita vida pela frente. De fato, nos dias atuais, com a qualidade de vida das pessoas, 49 anos é, realmente muito pouca existência, para a pessoa partir. Principalmente no caso dela, pelo bom humor, pelo trabalho, pelo engajamento em tantas causas. Bastava ver em suas entrevistas e em seus programas. 49 que passariam por trinta e poucos, tanto fisicamente como pelas suas atitudes.
Há poucos meses uma amiga muito querida também partiu, coincidentemente com a mesma idade dela. Foi uma partida totalmente diferente, por opção, e isto faz pensar mais ainda. Acredito que todos nós chegamos neste Planeta com uma programação pré-definida. Muitos, acredito a maioria, se perdem no caminho, esquecem, quantas vezes eu mesma já me desviei e voltei correndo, para depois me desviar de novo. Sinceramente, nem sei se a estou cumprindo agora. A gente não faz por querer. As tentações são muitas, e quando entramos na carne, nos tornamos vulneráveis. Desviar é humano, precisamos é ter força, coragem e Fé para enxergarmos e voltarmos, não importa quantas vezes tenhamos de fazê-lo; sozinhos, com ajuda de amigos, ou até ajuda profissional, se for o caso.
Talvez por estar ainda muito afetada pela partida da minha amiga, a quem amava com todo o coração, não consegui evitar fazer uma analogia. Como somos pequenos diante do Universo! Quanta dificuldade temos para entendê-lo! Duas almas que passaram por aqui pelo mesmo tempo cronológico, cada uma em sua realidade, uma não suporta o peso e parte, a outra, que amava ficar e jamais imaginava partir, parte também. Sem julgamentos (quem sou eu?) permaneceram o mesmo tempo cronológico, mas se foram por motivos absurdamente diferentes.
Fernanda Young jamais imaginaria partir assim e agora. Na última entrevista dela para a TV, ela falava exatamente do quanto se sentia jovem e disse que mantinha o “Young” do nome porque adorava (na matéria ela diz o verbo no presente, “adoro”) trabalhar com adolescentes.
Como assim? Realmente, todos temos o nosso tempo e a nossa programação. Quem parte como essa moça deve ter cumprido a dela, não dá para pensar diferente. “Furou a fila”, passou na frente de pai, de mãe, deixou filho. Vou repetir: Como assim? Será um alerta? Terá o Universo a usado para mostrar a nós outros a importância de estarmos aqui? Terá ela ido tão cedo e no pique do sucesso para nos ensinar que não devemos nos desviar de nossa programação?
Esta resposta, com certeza ela tem agora. Nós não. Nós outros temos de continuar procurando, lutando, acreditando. Nós outros temos de continuar na Fé, por mais que aconteça algo que nos dilacere o coração. Talvez Fernanda Young, como outras almas também, tenha vindo programada a partir jovem como seu nome, para nos alertar a não fugirmos daquilo que viemos fazer. Cumpriu a sua programação e agora está na luz. Será que cumpriremos a nossa? Peçamos a Deus força para que sim. Aos 49, 20, 50, ou 90, que quando partirmos, deixemos nossa missão cumprida.
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