Por Valdete Braga
Esta foi uma semana pesada. Vivemos momentos de tristeza e dor, e o que mais se viu foram pessoas cabisbaixas, assustadas, desalentadas… Em uma cidade como a nossa, onde muitas pessoas ainda se conhecem e, graças a Deus, existe um forte sentimento de solidariedade à dor alheia, acontecimentos trágicos chocam e fica aquele clima no ar, de susto, surpresa e, muitas vezes, desesperança.
Ouro Preto é uma cidade atípica. Conserva ao mesmo tempo nuances de metrópole e de cidade pequena. Não dá para encaixá-la em nenhuma das duas e ao mesmo tempo podemos encaixá-la em ambas. Não, não é contradição, são características que só quem aqui vive e conhece esta terra consegue entender.
Nesta semana vivenciamos as características de cidade pequena, quando tristes acontecimentos deixaram no ar as sensações já descritas.
Nisto tudo, como em outros casos já acontecidos, o que deixa os mais sensatos perplexos é como ainda existem pessoas, e quero crer que sejam minoria, que na ânsia de “dar a notícia”, de “contar em primeira mão” o que aconteceu, correm para o computador e saem escrevendo a torto e a direito, sem checar os fatos, sem olhar a fonte, e, principalmente e mais triste ainda, sem pensar no que uma frase, ou um texto, podem causar em outras pessoas. Não pensam na dor do outro. Não ligam para familiares, amigos, e nem mesmo para a própria vítima da tragédia
É preciso deixar muito claro: não me refiro a veículos ou pessoas sérias, que graças a Deus ainda existem. Não me refiro a uma matéria na imprensa ou uma postagem, individual ou em grupo, feita com responsabilidade e sem sensacionalismo. Estes, sérios, prestam um serviço à comunidade. Estes sabem o que falar e como falar, como sabem o que escrever e como escrever. Merecem o nosso respeito e o nosso crédito.
O problema é que nem todos são assim. Muitas vezes abrimos um site, ou blog, ou uma simples conta de facebook que cai em nossa página, e nos deparamos com frases absurdas, desrespeitosas, agressivas, ofensivas e mil outros adjetivos que caberiam aqui. Em caso de óbito é ainda mais sério. Há quem se sinta no direito de discorrer sobre o falecido ou falecida, sem pensar que existe uma família, que existem amigos, que vão ler.
É a estes que me refiro. Vivemos uma época em que muitos se vêem no direito de saírem falando pelos cotovelos. O teclado de um computador ou um smartphone nas mãos são o suficiente para alguns se sentirem o próprio William Bonner. E com isto escrevem o que não devem, “noticiam” mentiras, ou até verdades desnecessárias. Antes de abrir o computador, é preciso pensar no impacto do que se vai escrever.
Opinar é um direito. Mas que a pessoa não o faça de forma irresponsável. É preciso discernimento para entender que uma opinião pessoal sobre uma tragédia, ou mesmo sobre qualquer assunto, não é notícia para ser divulgada de forma leviana e que venha a denegrir ou machucar o outro. Tomara essas pessoas ainda aprendam isto.
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