Por Valdete Braga Mesmo que eu viva cem anos, vou continuar sempre batendo na mesma tecla. Nunca vou aceitar esta onda de “sincericídio” que invadiu nossos dias, onde as pessoas se dão o direito de falar e fazer o que quiserem, em nome de uma pseudo “franqueza”, que na verdade nada mais é do que falta de educação com outro nome. Sob a égide do “eu sou assim”, “é o meu jeito”, as pessoas se machucam, se ofendem e o mais triste nesta história é que acham que todos têm obrigação de aceitar o “seu jeito”, mesmo que seja ele causador de uma dor ou sofrimento, em maior ou menor grau. Sinceridade é uma coisa, grosseria é outra. Franqueza é uma coisa, agressão é outra. Nesta mistura que virou moda, as pessoas estão a cada dia mais agressivas e sem sensibilidade. Pobre de quem discordar. Leva o título de “fresco”, “exagerado”, “super sensível”, etc. O bonito é ser grosso, agressivo e de preferência falar gritando. Este ou esta sim, são pessoas “porretas”. Estes estão de acordo com a “sinceridade” que o mundo moderno impõe. Pois eu prefiro fazer parte do primeiro time. Não tenho o menor interesse em ser “moderna”, se o preço a pagar é sair por aí agredindo todo mundo. Prefiro conversar, explicar meu ponto de vista sem exigir que seja aceito. Prefiro ser sincera sem ofender e não forçar o “meu jeito” a quem for diferente de mim. Ninguém é obrigado a pensar como eu. A coisa está crescendo a tal ponto que amigos (e estou me referindo a amigos e não colegas) acham natural serem “francos” machucando um ao outro. Pessoas que nunca brigaram entram na onda da modernidade e falam sem pensar, no famoso “falar primeiro e pensar depois”. E depois se justificam com o auto elogio “você me conhece, eu falo na cara”. Elogio? Só mesmo para o egoísmo de quem se acha auto suficiente. Não vejo nada de positivo nisto. Não estou falando que as pessoas devam ser falsas, não é isto. Pelo contrário, a sinceridade é uma grande virtude, mas existem formas e formas de ser sincero. E grosseria definitivamente não é uma delas. Sinceridade não precisa machucar. Mesmo que a pessoa não goste do que o outro fale, se ele for sincero sem agredir, ela vai entender, e, em muitos casos, até agradecer. Eu, pelo menos, sou grata quando alguém me mostra um erro que estou cometendo ou prestes a cometer. Reavalio, penso, e, se ver que estou errada, mudo o comportamento e agradeço pelo toque. Isto é ser sincero. Falar, mostrar, argumentar. E não sair por aí aos berros, machucando os outros, cometendo um sincericído que só faz mal a ambas as partes. Deste, eu quero distância.
Deixar Um Comentário