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Trabalhadores denunciam barreiras injustificadas para acesso à Gerdau

Segundo denúncias, trabalhadores são impedidos de ingressar na empresa, sem haver explicação, após serem aprovados em processo seletivo.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 27/05/2025, 14:53 - Atualizado em 27/05/2025, 14:54
Foto — Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social promoveu audiência pública para debater os problemas. Crédito — Alexandre Netto/ALMG. Siga no Google News

Mais de 300 trabalhadores, que cumpriram todas as etapas de processos seletivos e cursos de capacitação, estariam sendo impedidos de iniciar suas atividades na planta da Gerdau em Minas Gerais, conforme denúncias apresentadas em audiência pública. A revelação, feita nesta segunda-feira (26/5) durante encontro promovido pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), aponta para uma falta de transparência da empresa, que não oferece explicações sobre os bloqueios.

Rafael Ank, presidente da 2ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG), exibiu mensagens que comprovam a prática de restrição de acesso por meio do cadastro Bancodoc. “As pessoas precisam trabalhar, ficam na expectativa de conseguir o emprego e, de repente, descobrem que seu nome está em uma lista restritiva”, lamentou Ank, sublinhando o impacto humano da situação.

A questão se estende aos caminhoneiros, conforme relatado por Camila dos Santos, presidente da Associação dos Caminhoneiros e Amigos do Alto Paraopeba. Ela descreveu casos em que motoristas chegam com cargas e são impedidos de entrar na unidade, sugerindo que grandes transportadoras estariam sendo priorizadas em detrimento dos terceirizados.

Fabrício Valadares, soldador de Ouro Branco (Região Central), desabafou sobre a marginalização dos trabalhadores locais. “Estou há mais tempo que a Gerdau no município, mas tenho menos direitos”, afirmou. Ele argumenta que a preferência por mão de obra de outras localidades prejudica a população nativa e sobrecarrega a infraestrutura da cidade, já deficiente para receber tantos novos moradores. O vereador Samuel Carlos (Pode), de Conselheiro Lafaiete (Central), que já havia levantado a pauta em março na câmara municipal, reforçou o clamor por mais transparência e contrapartidas da empresa, ressaltando os “lucros milionários” da Gerdau.

Legisladores Classificam Restrições como Atos Ilegais

Os deputados Leleco Pimentel (PT) e Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), que solicitaram a audiência, junto com Noraldino Júnior (PSB), manifestaram forte apoio aos trabalhadores. Leleco Pimentel afirmou que o cadastro restritivo pode violar a Lei 14.437, de 2022. Professor Wendel, por sua vez, foi categórico: “Temos documentos que comprovam que houve crime”. Apesar da gravidade das denúncias, um pedido de visita técnica à Gerdau foi negado pela empresa. O deputado federal Padre João (PT-MG) reforçou a crítica, afirmando que é preciso “limpar esse selo do aço da Gerdau, que está contaminado pela discriminação”.

Gerdau Atribui Responsabilidade a Terceirizadas

Em sua defesa, Guilherme Mattos, consultor jurídico da Gerdau, apresentou dados sobre a capacidade produtiva da empresa e seu compromisso com a sustentabilidade. Questionado sobre o uso dos aplicativos Bancodoc e Betruck para gestão de acessos, Mattos transferiu a responsabilidade para as empresas terceirizadas, alegando que a contratação e a gestão documental são atribuições delas.

A resposta da Gerdau não satisfez os presentes. O deputado Professor Wendel anunciou que serão enviados pedidos de informação às terceirizadas. “Na verdade, o trabalhador é barrado pela Gerdau, mas é sempre a mesma história: a culpa é da terceira”, sintetizou o vereador Samuel Carlos, expressando a frustração com a falta de responsabilidade direta.

Em busca de uma solução, Carlos Calazans, superintendente regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, propôs uma negociação com a Gerdau. A proposta inclui a obrigatoriedade de contratações mediadas pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine) e a composição de 80% da mão de obra com trabalhadores locais.

Foto — Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social promoveu audiência pública para debater os problemas. Crédito — Alexandre Netto/ALMG.

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