Em meio à riqueza histórica e arquitetônica que emana das ladeiras de Ouro Preto, um detalhe peculiar na Igreja de São Bartolomeu, no distrito homônimo, despertada a curiosidade de visitantes e moradores: um sino feito inteiramente de madeira. Considerado uma raridade, senão uma exclusividade mundial, o "sino mudo" da antiga matriz carrega consigo uma história intrigante e um charme singular.
A reportagem do Jornal Voz Ativa foi convidada para uma visita guiada ao templo, que está sendo restaurado e tivermos a oportunidade de estarmos perto do sino.
Construída no início do século XVIII, a Igreja de São Bartolomeu é um marco da fé e da arte colonial mineira. Tombada pelo IPHAN em 1960, sua arquitetura preservada atrai olhares admirados. No entanto, é no alto de sua torre que reside um objeto que foge ao comum: um sino esculpido em madeira, em contraposição aos tradicionais sinos de bronze que ecoam pelos vales da região.
A razão para a existência deste sino atípico permanece envolta em mistério e especulação. A hipótese mais provável é que ele tenha servido como um substituto temporário, aguardando a chegada ou a confecção do sino de metal definitivo. Contudo, o sino de madeira permaneceu, tornando-se um testemunho silencioso do passado da igreja.
Por ser feito de madeira, o sino não produz som quando acionado, o que lhe valeu o apelido de "sino mudo". Essa característica, longe de diminuir seu valor, apenas adiciona um toque de melancolia e contemplação ao ambiente da igreja.
Embora relatos indiquem a existência de raríssimos exemplares de sinos de madeira em outras igrejas do Brasil, a confirmação de que o sino de São Bartolomeu é o único do gênero no mundo exigiria um estudo especializado em campanologia e um levantamento global. No entanto, a singularidade e a história que ele carrega são inegáveis.
Para a comunidade local, o sino de madeira é mais do que uma curiosidade; é um símbolo da identidade da Igreja de São Bartolomeu e um elo com as tradições de Ouro Preto. Sua presença discreta na torre da igreja continua a intrigar e encantar, convidando a uma reflexão sobre o tempo, a fé e os materiais que moldam a nossa história.
Enquanto os sinos de bronze de outras igrejas de Ouro Preto ecoam seus repiques festivos, o "sino mudo" de São Bartolomeu permanece como um guardião silencioso de um passado rico e peculiar, reafirmando a singularidade do patrimônio histórico da antiga Vila Rica.

Foto - Existência do sino atípico permanece envolta em mistério e especulação / Crédito - Tino Ansaloni
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