Abrindo a segunda edição do Festival Literário de Mariana (FLIMARI), realizado entre os dias 9 e 12 de abril, a unidade prisional do município recebeu autoridades e escritores para o lançamento de um livro ilustrado por detentos.
A obra, intitulada de Uni-versos da Liberdade, é assinada pelo poeta marianense Israel Quirino e foi produzido dentro do Laboratório de Linguagens Afetivas (LALIA), uma parceria da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (ALACIB) com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado de Minas Gerais (Sejusp).
O projeto é coordenado pela poeta e artista plástica marianense, Andreia Donadon, e foi criado a partir de um termo de cooperação entre as duas instituições para a inserção da poesia aldravista no ambiente penitenciário, buscando a ressocialização das pessoas privadas de liberdade.
Segundo o autor, o livro é um contraponto a uma obra publicada anteriormente, onde dizia que não existia poesia no cárcere: “Quando fiz uma roda de conversa no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, as recuperandas demonstraram uma sensibilidade muito grande em versos e poesia”.
“Uni-eversos da Liberdade vêm para nos dizer que não existe cadeia que prenda os sentimentos e os pensamos”
Israel Quirino
Desse trabalho, surgiu a motivação para o novo livro, produzido em cooperação com recuperandos da Unidade Prisional de Mariana que participam do LALIA. As poesias escritas por Israel Quirino foram ilustradas e selecionadas de acordo com a temática de cada poema do livro, como a aldravia que abre a obra:
aldravia
uni-versos
une-versos
universo
da
liberdade!
O poema é ilustrado por Thiago Pereira, que representa o que Quirino expressa em sua aldravia por meio de pombas, uma algema e um indivíduo que anseia pela liberdade. A aldravia é uma forma poética criada na cidade de Mariana no ano de 2010, marcada pela concisão e minimalismo; cada poema contém apenas seis palavras.
Aline Gonçalves, diretora da Unidade Prisional de Mariana, avalia como fundamental o uso das aldravias na ressocialização dos internos e afirma que os resultados alcançados têm sido excelentes, com a remissão de penas e a reinserção na sociedade.
A avaliação é semelhante a de Miriam Célia, pedagoga e diretora de Ensino e Profissionalização do Departamento Penitenciário de Minas Gerais: “Não há mais nada democratico que nossa poesia e a aldravia chegou a todas as unidades prisionais de Minas Gerais”, disse.
Para Paulo Duarte, diretor da Região Integrada de Segurança Pública (Risp) de Minas Gerais, o projeto tem significância para todo o sistema prisional mineiro: “Esse é um projeto que estamos expandindo para o sistema prisional da 3° Risp e também o de Minas Gerais”.
Além da ação na Unidade Prisional de Mariana, que contou também com uma palestra do psicólogo Luciano Guimarães, a FLIMARI realizou diversas atividades em escolas do município e na Casa de Cultura. O festival foi organizado pela Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (ALACIB), com o apoio da Prefeitura Municipal de Mariana, por meio da Secretaria de Patrimônio Cultural e Turismo.

Deixar Um Comentário