Exposição do curso de Museologia da UFOP faz homenagem a Tunico dos Telhados

A exposição vai até 21 de fevereiro, das 9h às 18h, na Sala de Exposições do prédio da Escola de Direito, Turismo e Museologia (EDTM) da Universidade.

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Por ACI UFOP Publicado em 28/01/2025, 14:54 - Atualizado em 28/01/2025, 14:54
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Figura 1- Tunico dos Telhados em exposição na sala Manoel da Costa Athaíde, 2018/2019. Foto: Acervo IBRAM Siga no Google News

A 14ª edição da Exposição Curricular do curso de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto, organizada por estudantes do sétimo período do curso e inaugurada na sexta (24), faz uma homenagem ao artista plástico Tunico dos Telhados. Intitulada "Minha missão é ser artista: Tunico, uma travessia", a exposição proporciona um espaço de celebração da história do artista, da arte preta, de sua ancestralidade e reminiscências da cidade de Ouro Preto. 

Foto - Reprodução. Crédito - Clara Lamaciê

A professora do Departamento de Museologia, responsável pelo Laboratório de Museografia (Labmus) e orientadora da exposição, Priscilla Arigoni Coelho, destaca que o projeto foi idealizado com alta carga sentimental advinda do luto ainda recente pelo falecimento de Tunico, em março de 2024, e com a proposta de fomentar o processo de institucionalização de sua arte para futuras gerações. Segundo ela, "retomamos, neste momento, por uma solicitação da família. É um projeto de experiência sensível, mas que tende a superar o luto no sentido de celebrá-lo, para eternizá-lo em vida e para as futuras gerações". Priscilla ainda ressaltou a importância da exposição em revelar fases desconhecidas de Tunico, como sua passagem por São Paulo, "com acervos raros que prometem surpreender tanto o público acadêmico quanto a comunidade de Ouro Preto".

Foto - Reprodução. Crédito - Clara Lamaciê

Tunico, cujo nome de registro era Antônio Marcus de Paula, nasceu em Ouro Preto e foi profundamente influenciado pela estética barroca da cidade, especialmente os telhados coloniais, que se tornaram tema recorrente em sua produção artística. Após se mudar para São Paulo no início da vida adulta para aprimorar sua arte, seguiu carregando as referências visuais de sua terra natal. Conhecido por sua dedicação à família, o artista sempre buscou equilibrar sua vida artística com o bem-estar daqueles que amava. Tanto que a exposição surgiu do desejo de sua família de preservar sua memória. Presentes na inauguração, filhas e netos de Tunico manifestaram a emoção de ter lembranças e sentimentos resgatados e compartilhados no espaço. Para Kátia de Paula, a exposição superou todas as expectativas. Tocada pela riqueza de detalhes e cuidado do trabalho, afirmou: "com certeza, meu pai está feliz em outro plano."

Indaiá de Paula, por sua vez, destacou como o evento a fez reviver memórias preciosas de seu pai. "Quando a equipe expôs todo esse trabalho do meu pai, toda essa vivência dele, eu pude ver o quanto ele amava mais ainda a arte. Ele mostrou isso para mim desde criança, para a minha irmã, minha família, para os meus filhos, os netos dele. Celebrar isso hoje realmente é significativo, é importante principalmente para Ouro Preto, cidade que ele sempre amou."

Ela reforçou sua gratidão à equipe de Museologia e expressou seu desejo de que o nome de Tunico seja lembrado por muitas gerações. Em seu discurso na abertura da exposição,  Indaiá comoveu a todos: “Tunico dos Telhados é eterno! Foi moldado no barro das telhas que ele pintava, foi moldado nas cores vibrantes que ele utilizava, coroado pela inteligência e sabedoria ancestral. Tunico dos Telhados foi moldado na resistência, na resiliência e na reExistência, e foi assim que ele nos ensinou a seguir”, discursou Indaiá. 

Esse trabalho reflete o compromisso em destacar o legado de Tunico dos Telhados e construir novas narrativas que conectam o público à cidade de maneira significativa. A iniciativa não apenas reforça o papel da arte como um legado, mas também inspira novos projetos e perspectivas para a valorização cultural em Ouro Preto.

A exposição vai até 21 de fevereiro, das 9h às 18h, na Sala de Exposições do prédio da Escola de Direito, Turismo e Museologia (EDTM) da Universidade, localizada no campus Morro do Cruzeiro. 

Foto - Reprodução. Crédito - Clara Lamaciê

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