Coisas do Cotidiano: Leia “Sai Ano, Entra Ano”, por Antoniomar Lima

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

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Por Antoniomar Lima Publicado em 17/12/2024, 13:45 - Atualizado em 17/12/2024, 13:49
Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

Depois da invenção do calendário pelos egípcios pelos idos de 3000 a.C. e, posteriormente atualizado pelo Papa Gregório XIII em 1582, na administração do tempo, de certo modo, nos perdemos um pouco, é como se tivéssemos dando voltas num círculo.

Talvez, no início – pois era uma coisa nova! – a questão da organização dos afazeres domésticos e sociais eram completamente distintos dos de hoje, óbvio que era! Isso não quer dizer que não teve seus quiproquós. Isto é, absurdos e contradições.

O cotidiano modernizou-se – foram inventadas coisas pensadas e impensadas pelos nossos antecessores – em termos tecnológicos em praticamente todos os ramos da sociedade.

Mesmo assim, com todos os avanços, sai ano, entra ano, continuamos morrendo, continuamos sofrendo, seguindo com nossos malabarismos para sobreviver nesse mundo que ainda é assombrado pela confusão ocorrida na torre de babel.

Nem tudo, creio, devemos seguir à risca, ao pé da letra. 

Tem coisas que não precisamos recorrer ao calendário, poucas, mas tem. Aludo a esses detalhes, pensando nos imprevistos que podem ocorrer a quaisquer horas e em qualquer lugar e que, às vezes, obrigam a refazer o que tínhamos planejado.

Por outro lado, temos compromissos a cumprir, mesmo contra nossa vontade, que urgem ser honrados, senão embola o meio de campo.

Fala-se muito no horário britânico - que se baseia no calendário, é claro! Isto é, pelos menos dizem que, os britânicos são precisos nos horários. Tal traz à mente uma ideia de que são infalíveis nos compromissos.

Detesto ser inconveniente, mas não acredito que seja desta maneira, contínuo, sem uma falha. 

Essa minha observação em sentido contrário é porque se trata de coisa humana e, nesse sentido, somos sabedores da intervenção das falhas e equívocos. 

Os livros de histórias antigas e os modernos são nossas testemunhas incontestáveis, nem estou falando do cotidiano, do tempo que não para... 

Diante disso, é que uso o escudo da sensatez para opinar sobre isso. 

Fico conjecturando: "quando não existia o calendário, será que as pessoas eram irresponsáveis e descompromissadas?" 

Não creio nessa possibilidade. Talvez, eram mais relapsas no sentido de fazerem as coisas com mais liberdade e até com mais durabilidade. 

Refiro-me às coisas particulares, sem correria, porque as que se reportavam à sociedade, à coletividade, a história nos faz saber que foi tensa, não menos perigosa do que as de hoje.

Ao contrário dos nossos antecedentes - tendo consciência ou não -, viramos escravos do calendário.  

O calendário se tornou um regulador do nosso cotidiano, um tipo de bússola que nos guia sobre a terra que, vez por outra, temos que dar corda, regular, mesmo com prejuízo da perda de alguma coisa que deixamos de viver, fazer. E que logo após, na medida do possível, tentamos retomar no intento de voltar aos trilhos.

Uma coisa é certa: "o calendário humano, terreno, não se compatibiliza, de modo preciso, com seus afazeres; em se comparando com o de Deus – se é que ele tem algum – não creio que coincida, pois o dele, cremos, é infalível.

Laudate Dominum

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