Documentário sobre o poeta e pesquisador do barroco mineiro, Affonso Ávila, será exibido no “Fórum das Letras de Ouro Preto”

Após a sessão, haverá debate com a diretora Eleonora Santa Rosa e o artista plástico Carlos Bracher, com mediação da coordenadora do evento, Guiomar de Grammont, que vão abordar a relação afetuosa do poeta – um dos criadores do IEPHA – com Ouro Preto e sua dedicação pela preservação do patrimônio histórico do estado.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 27/11/2024, 15:38 - Atualizado em 27/11/2024, 15:38
Arte reprodução. Crédito — Divulgação. Siga no Google News

jornalista, gestora, produtora e ex-secretária de Cultura de Minas Gerais, Eleonora Santa Rosa, levará para o Fórum das Letras de Ouro Preto seu primeiro documentário que celebra um dos poetas e ensaístas mais brilhantes da segunda metade do século XX do Brasil, o mineiro Affonso Ávila. “Cristina 1300 – Affonso Ávila – Homem ao termo” será exibido nos dias 29/11 (sexta-feira) e 30/11 (sábado), respectivamente, no anexo do Museu da Inconfidência (rua Vereador Antônio Pereira, 3, Centro) e na Igreja São Francisco de Assis (Largo de Coimbra, s/n, Centro), e traz preciosas imagens na casa do Affonso Ávila, na rua Cristina, 1.300, bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte, entre 2010 e 2012, e em sua cidade de predileção em Minas, Ouro Preto. A retirada gratuita dos ingressos será realizada 30 minutos antes das sessões (sujeito à lotação).

Os registros incluem, ainda, leituras do poeta em estúdio e de poemas inéditos. “Affonso apresenta sua visão poética em suas diversas fases de criação artística, em articulação com animações, recortes fotobiográficos e contrapontos sonoros”, descreve Eleonora Santa Rosa, ressaltando que a ideia principal do documentário é apresentar o poeta por ele mesmo, divulgando o seu legado literário, contemporâneo e singular.

Após a primeira exibição, haverá um bate-papo com a diretora Eleonora Santa Rosa e o artista plástico Carlos Bracher, com a mediação da coordenadora do Fórum das Letras de Ouro Preto, a professora Guiomar de Grammont. Serão abordados os bastidores, como o convite à atriz Vera Holtz para a leitura de alguns poemas, os desafios do projeto, que começou a ser concebido em 2010 até ser concretizado em 2024. Uma surpresa especial programada para Ouro Preto acontecerá no sábado, dia 30/11, na Igreja de São Francisco de Assis, onde o filme será exibido.

“O documentário é uma lição de resistência, resiliência, persistência e insistência, porque foi desafiador em vários sentidos – desde a sua estruturação diferenciada do padrão usual dos filmes nesse campo, passando por questões de patrocínios, do falecimento do poeta, da complexidade técnica em relação à geração do material, a pandemia e até mesmo da escolha de uma equipe que entendesse e abraçasse os desafios que o material impunha”, revela a diretora, que também é responsável pelo argumento e pela produção executiva.

Na oportunidade, Santa Rosa, Bracher e Grammont também vão comentar a relação afetuosa do poeta com a cidade de Ouro Preto e sua dedicação à preservação do patrimônio cultural de MG. “O legado de Affonso Ávila perpassa sua poesia construtivista, experimental, crítica e singular. Ele foi um exímio pesquisador do barroco mineiro, fundou em 1969 a revista ‘Barroco’, e foi responsável pela pesquisa e articulação para a redação e aprovação da Lei nº 5.775, de 30 de setembro de 1971, para a criação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais”, destaca Eleonora Santa Rosa.

Para a diretora, que conviveu com Affonso Ávila por mais de três décadas, profissional e familiarmente, a película tem a missão de difundir para o grande público a trajetória poética singular de Ávila, que detinha um domínio absoluto da língua e da linguagem, com jogos, aliterações, torções, apropriações, montagens, subversões de sentidos e novos significados.

“Affonso Ávila teve uma carreira reconhecida e muito respeitada, mas apesar de ser um dos maiores poetas do país, sua produção continua restrita ao consumo dos seus pares. Senti-me, sobretudo após o seu falecimento, na obrigação de dar tratamento e vazão ao material gravado, inédito, de grande significado para a compreensão de sua trajetória poética”, declara.

Trilha sonora e identidade visual refletem a potência de Ávila

Com a codireção de Marcelo Braga de Freitas, um dos destaques do documentário é a trilha sonora, que funciona como um elemento central e estruturador do filme, em diálogo sutil e potente com a poesia de Ávila. Lucas Miranda (oscilloID), jovem compositor de Belo Horizonte, “fez um trabalho extraordinário, delicado e artesanal”, nas palavras de Santa Rosa. Igualmente relevante é a identidade visual desenvolvida pela Voltz Design (Alessandra Soares e Cláudio Santos Rodrigues), assim como a montagem de Breno Fortes, em trabalho de parceria estreita com a diretora.

Segundo Eleonora, o aspecto visual sempre foi importante na poesia de Affonso. Nesse sentido, ela conta que transpôs o “&”, ícone desenvolvido pelo também poeta e artista gráfico Sebastião Nunes para o belíssimo livro “Cantaria Barroca”, de AA, elemento-chave da publicação, para o documentário. Esse mesmo ícone, reestilizado, foi utilizado para “unir e ‘atravessar’ todas partes do filme compondo uma partitura contínua dos poemas em suas diversas épocas de criação, conforme aponta o professor do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, Eduardo de Jesus, que assina o texto de apresentação do filme, presente na plaquete editorial contendo a reprodução tipográfica do poema inédito AFRODÍSIAS, que será presenteada ao público presente.

O resultado, segundo ele, “é uma forma híbrida da palavra-imagem que se estabelece entre a força dos impressos, revelando texturas e volumes típicos do papel, e a imagem em movimento. Figuram no filme – como um deleite visual, intrigante e desafiador – as belas passagens entre a imagem filmada dos livros, as imagens em movimento e as animações que nos endereçam ao inventivo universo gráfico que caracterizou alguns dos livros de Affonso. Um traço de absoluta coerência imagética e conceitual entre as passagens do impresso ao documentário, da palavra impressa à palavra filmada”.

A produção do documentário, que conta com a codireção de Marcelo Braga de Freitas, tem o patrocínio da Cemig (Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais) e da Liasa (Lei Federal de Incentivo à Cultura). A distribuição em cinemas tem apoio financeiro do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, através da Lei Paulo Gustavo direcionada pelo Ministério da Cultura - Governo Federal.

FICHA TÉCNICA “CRISTINA 1300 – AFFONSO ÁVILA – HOMEM AO TERMO”:
Direção, argumento original e roteiro:
Eleonora Santa Rosa
Codireção: Marcelo Braga de Freitas
Montagem: Breno Fortes
Produção executiva: Joana Braga e Eleonora Santa Rosa
Trilha sonora original: Lucas Miranda (oscilloID)
Tratamento de som, mixagem e masterização: Ronaldo Gino
Identidade visual: Voltz Design (Alessandra Soares e Cláudio Santos Rodrigues)
Direção de animação: Cláudio Santos Rodrigues
Participação especial (leitura de poemas): Vera Holtz
Consultoria de roteiro: Eduardo de Jesus
Distribuição: Cajuína Audiovisual

Serviço: Documentário “Cristina 1300 – Affonso Ávila – Homem ao termo” no Fórum das Letras de Ouro Preto
29/11 (sexta-feira):
Exibição do documentário seguida por conversa entre Eleonora Santa Rosa e Carlos Bracher, mediada por Guiomar Grammont
Local: Anexo do Museu da Inconfidência (rua Vereador Antônio Pereira, 3, Centro – Ouro Preto/MG)
Horário: 20h
Sessão gratuita, sujeito à lotação do espaço

30/11 (sábado): Exibição do documentário no interior da igreja seguida por chuva de poesia
Local:
Igreja São Francisco de Assis (Largo de Coimbra, s/n, Centro – Ouro Preto /MG)
Horário: 19h
Sessão gratuita, sujeito à lotação do espaço
Informações: @cristina1300doc

Sobre Eleonora Santa Rosa

Jornalista, articulista, gestora e produtora cultural, desempenhou inúmeras funções públicas ao longo de sua reconhecida trajetória profissional. Foi secretária de Cultura de MG, diretora do Centro de Estudos Históricos e Culturais da Fundação João Pinheiro e diretora executiva do Museu de Arte do Rio – MAR. Na sua gestão na SEC, implementou programas e instrumentos de estímulo à cultura, destacando-se o Fundo Estadual de Cultura. Implantou a primeira fase do Circuito Cultural da Praça da Liberdade, criou a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e foi responsável pela idealização e proposição do Memorial de Minas Gerais e do Plug Minas, dentre outros. Autora dos livros “Interstício”, “Solilóquio” e “cultura!”, atua como consultora na área cultural e palestrante.

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