Museu da Inconfidência passa a integrar a Rede de Lugares de História e Memória da UNESCO

Por Jeane Polva/ Revisão: Victor Stutz Publicado em 23/10/2024, 14:34 - Atualizado em 23/10/2024, 14:34

Foto — Reprodução. Crédito — Peterson Bruschi / Ascom PMOP.

O Museu da Inconfidência agora faz parte da Rede de Lugares de História e Memória da UNESCO ligados às rotas dos povos escravizados. Outros dois museus brasileiros também foram integrados ao projeto, o Museu Casa da República, no Rio de Janeiro e o Museu Casa da Hera, em Vassouras (RJ).

Essa iniciativa da UNESCO tem o objetivo de preservar a História e a Memória da Escravatura e dos Povos Escravizados. O diretor do Museu da Inconfidência, Alex Calheiros, comentou sobre a integração: “É uma grande felicidade para o museu, especialmente neste momento em que estamos atentos e em diálogo com a comunidade. O museu conta a história de um movimento político fundamental para a independência do Brasil, além de preservar parte importante da história de Ouro Preto."

Atualmente, o Museu da Inconfidência é um espaço de educação e mediação cultural e  vem realizando uma série de ações antirracistas e promovendo iniciativas voltadas ao reconhecimento e à reparação da dívida histórica com a população negra que construiu Ouro Preto. Um exemplo é o projeto "Este objeto, o que ele nos fala?" que, por meio de palestras, discute objetos que evocam a violência da escravização. A forma como esses objetos, especialmente os de suplício e tortura, são exibidos, busca incentivar a reflexão sobre as lutas pela liberdade das pessoas escravizadas.

O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, também celebrou a conquista: “Esse título tem um grande significado para nossa cidade. Entramos em uma rede internacional de lugares que são referência na história do tráfico de escravos, para que possamos tomar consciência de todo o processo histórico e lutar cada vez mais pela liberdade, pela democracia, pela justiça e pela paz. Esse reconhecimento não só alcança o Museu da Inconfidência, mas também valoriza todo o trabalho realizado em Ouro Preto pela preservação da memória dos povos negros."

É importante destacar as ações da Prefeitura de Ouro Preto voltadas para a população negra do município, como a Casa de Cultura Negra. Esse espaço desempenha um papel fundamental ao preservar e divulgar a rica tradição afro-brasileira, além de oferecer cursos de capacitação e promover projetos sociais para a comunidade ouropretana.

A UNESCO criou o programa Rotas dos Povos Escravizados: Resistência, Liberdade e Patrimônio em 1994, por iniciativa do Benim e do Haiti. O programa tem contribuído para a produção de conhecimento inovador e a criação de programas educacionais, além de fomentar o desenvolvimento de redes científicas de alto nível e a preservação das experiências dos povos escravizados.