Coisas do Cotidiano: Leia “Antes e Depois das Eleições”, por Antoniomar Lima
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
Antes das eleições municipais ficamos desconfiados com as propostas dos candidatos e, depois mais ainda, pois muitos sabemos ficam só na garganta.
Por outro lado, ficamos na expectativa que tudo isso passe logo, e quando passa sentimos um alívio, uma sensação de dever cumprido, mesmo que em quem votamos não tenha conseguido se eleger.
É aquela velha história ‘quem ganhou, ganhou, quem não ganhou – não é que um dia não ganhe -, mas vai para a geladeira à espera das próximas eleições.'
Esse negócio de voto não deixa de ser complexo, mesmo sabendo que, às vezes, um só faz diferença na hora da apuração.
Dizem que a ‘vox Populi, vox Dei’ (a voz do povo é a voz de Deus), entendo essa voz como a da maioria - exceto quando há fraude comprovada documentalmente e não de se ouvir falar, que é, infelizmente a que mais é levada em conta e sistematicamente reproduzida, quase como um incêndio de impensáveis proporções.
De voto em voto o candidato enche o papo, assim que funciona o voto individual, mas não podemos afirmar que o nosso candidato será eleito. Tal só saberemos na contagem dos votos.
Tem alguns casos em que, em determinado momento da contagem, podemos ter uma previsão de quem vai ganhar; e outros, que é preciso ir até o último voto.
Na época dos votos de papel no qual marcamos um x, a apuração era mais demorada, só no outro dia é que sabíamos o resultado; hoje na era digital o tempo diminuiu consideravelmente, é quase instantâneo.
Entretanto, sabemos que tanto um quanto o outro há rumores de fraudes.
De certo modo, esses rumores mexem com o imaginário popular, pois suscitam desconfianças sobre a credibilidade dos órgãos responsáveis, que no caso são o TRE e o TSE.
Mesmo que os nossos candidatos não tenham sido eleitos, não podemos nos eximir de nos sentirmos bem com nossa consciência de termos cumprido nosso dever cívico, pois é importante ter uma visão coletiva, afinal de contas, querendo ou não, vivemos numa coletividade.
Na sociedade humana, precisamos não só do olhar interno, mas também do externo, porque muita coisa é o reflexo daquele e disso ninguém consegue se evadir.
Se antes das eleições, as dúvidas sobre o cumprimento das promessas pairam em nosso espírito; depois, elas aumentam por causa da amnésia que dá nos postulantes aos cargos políticos.
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Ainda em tempo. A Câmara Municipal da cidade histórica de Mariana não terá o toque feminino.
Diante disso, não sei porque me acudiu a passagem bíblica: 'um reino dividido contra si mesmo não subsiste.'
Laudate Dominum
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