Com a proximidade do período de rematrículas, pais e responsáveis enfrentam uma decisão importante para o desenvolvimento dos filhos: a continuidade na instituição de ensino em que estão.
“Quanto menor a criança, maior a dúvida dos pais, porque nessa fase os relatos sobre o que acontece na escola são pouco detalhados por elas. Além disso, a educação infantil é uma fase fundamental, onde as bases cognitivas, emocionais e sociais são construídas, então é essencial buscar entender se a escola está efetivamente contribuindo para isso”, explica Deyse Campos, psicopedagoga e fundadora da Escola Interpares, em Curitiba.
Ela destaca cinco fatores indispensáveis que devem ser avaliados antes de fazer a rematrícula:
1 Motivação da criança para estar na escola
É importante entender porque a criança deseja ou não ir à escola. Ela vai porque compreendeu as regras, porque sente que é obrigada ou porque realmente gosta de estar lá?
Se a motivação está centrada apenas nos amigos, é necessário refletir: o que acontece quando esses amigos não estão presentes? A criança deve ter uma relação positiva com o ambiente escolar como um todo, e não apenas com uma pessoa ou um grupo.
A dependência emocional de alguns indivíduos pode resultar em dificuldades futuras, especialmente no processo de aprendizagem.
2 Filosofia e valorização da infância
Avalie como a escola trata momentos como festas e apresentações. A instituição valoriza a infância, o movimento e a brincadeira, ou apenas se preocupa em exibir estereótipos de perfeição, bem ensaiados e disciplinados?
É comum que escolas organizem apresentações padronizadas, mas é importante refletir se há espaço para a diversidade e a individualidade das crianças. Uma escola que prioriza gestos e comportamentos uniformes pode não estar promovendo o respeito às diferenças.
3 Comunicação com a escola
Outro aspecto essencial é observar como a escola lida com a comunicação. Há uma burocracia excessiva para que os pais consigam falar com a coordenação ou os professores?
A falta de uma comunicação clara e direta pode se tornar um problema no futuro, especialmente em situações mais complexas. Escolas que demoram para dar feedback ou não são acessíveis no dia a dia podem causar dores de cabeça aos pais e não oferecer o suporte adequado para o desenvolvimento da criança.
4 Período de descanso e manutenção da escola
Verifique se a escola tem períodos de pausa para descanso e manutenção. Escolas que não param, que oferecem colônia de férias o tempo todo, podem estar sobrecarregando as crianças e até mesmo negligenciando a própria estrutura.
É necessário que a instituição tenha momentos para reformas e melhorias, pois isso reflete não apenas no cuidado com o espaço físico, mas também na capacidade de adaptação e evolução da escola.
5 Metodologia e linha pedagógica
Muitas vezes as famílias escolhem a escola a partir da metodologia ou linha pedagógica que ela informa seguir. Porém, na prática, é comum observar que no dia a dia das escolas pouco se aplica das teorias que fundamentam essas metodologias.
Uma escola que se diz montessoriana ou sócio-interacionista, por exemplo, precisa manter ativa, diariamente, a autonomia da criança. Uma escola que se diz inovadora precisa ter ações que efetivamente rompam com sistemas clássicos. Uma escola que se diz sustentável não deve promover práticas que agridam o meio ambiente.
“O marketing escolar é uma área já bastante desenvolvida. Existem agências especializadas nisso. Porém, não são necessários muitos meses num lugar para perceber se ele realmente faz o que prega. E o momento da rematrícula é quando as famílias devem avaliar sobre isso”, frisa Deyse.
Segundo ela, ao observar esses pontos, os pais estarão mais preparados para tomar uma decisão consciente sobre a rematrícula, garantindo que a escola seja um espaço de desenvolvimento saudável e inclusivo para seus filhos.
Deixar Um Comentário