A evolução das estações ferroviárias em Mariana, um olhar através de dados do Iphan

Conheça a história das estações ferroviárias da Primaz de Minas.

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Por Izadora Lopes - Mestre em Letras pela Ufop Publicado em 14/08/2024, 12:54 - Atualizado em 14/08/2024, 14:35
Estação de Furquim. Crédito — Izadora Lopes. Siga no Google News
Crédito - O Estado de S. Paulo, 5/12/1923.

As estações ferroviárias desempenham um papel crucial na infraestrutura de transporte do Brasil. Com base em dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi possível analisar a evolução das estações ferroviárias em Mariana e entender como esses locais têm se transformado ao longo dos anos.

Como pontos de encontro, trabalho e transição, essas estações exerceram uma função na formação da identidade local e sofrem as ações do tempo. As estações ferroviárias em Mariana, Minas Gerais, representam um importante patrimônio cultural imaterial que reflete não apenas a infraestrutura de transporte, mas também as complexas interações entre espaço e tempo que moldaram a história da região.

As estações ferroviárias foram mais do que simples infraestruturas logísticas; elas se tornaram símbolos físicos da conexão entre a cidade e a necessidade da criação desse meio de transporte na região. A disposição geográfica dessas estações desempenhou um papel crucial na definição das rotas comerciais e no acesso às áreas de exploração, moldando consequentemente a urbanização e o desenvolvimento econômico de Mariana. As estações, uma vez mais, foram as testemunhas dessa evolução, mantendo viva a conexão entre o passado e o presente.

Histórico

Uma das empreitadas ferroviárias mais significativas no Brasil foi a Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), sua construção remonta a 1855 sob a direção de Christiano Benedicto Ottoni (1811-1896). A EFCB conectou o estado do Rio de Janeiro a São Paulo, e depois os limites do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A primeira estação a ser concluída foi a de Chiador, em 1889. A ferrovia conectou áreas produtoras às cidades, permitindo que produtos agrícolas e matérias-primas alcançassem pessoas. Por fim, a Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB) transcendeu sua função prática e está presente, até os dias atuais, nas memórias coletivas, influenciando a cultura, a economia e a própria identidade da região.

O Ramal Ponte Nova surgiu entre os anos de 1914 e 1926, foi o eixo que cruzou a cidade de Mariana e seus distritos na década de 20, para o transporte de mercadorias e passageiros, ao que se nomeava de trens mistos.

De acordo com o Iphan e relatos dos moradores mais antigos, até a década de 1980 ainda havia trens mistos circulando ao longo do Ramal Ponte Nova da Estrada de Ferro Central do Brasil. Segundo relato do senhor Joaquim, de 72 anos, morador do distrito de Bandeirantes:  

“Aí o pessoal descia de trem e Dom Silvério acho que era lá para baixo, acho que é isso mesmo, não me recordo bem. Aí eles desciam aqui, aí meu tio tinha que é pegar, pôr as pessoas na casa dele, para no outro dia eles pegar o trem para ir embora. Que descia na estação errada, que era dois nomes. Aí depois mudou para Ribeirão do Carmo.”

Dados recentes

Os dados a seguir mostram a extensão da malha ferroviária que corresponde a circunscrição de Mariana/MG, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): A estação de Passagem de Mariana está atualmente sem uso ferroviário.

A do Quilômetro 554, representa a estação Floresta, e está atualmente sem uso ferroviário. A estação de Mariana possui partes que ainda estão em uso e em atividade, enquanto outras áreas estão sob proteção municipal. Similar a Passagem de Mariana, a estação Ribeirão do Carmo não está em uso ferroviário atualmente. A estação Monsenhor Horta ainda está em uso, provavelmente mantendo alguma atividade. Não há informações disponíveis sobre o estado atual da estação Lavras Velhas. Semelhante a Monsenhor Horta, Furquim está em uso para alguma atividade. A estação Goiabeiras não está sendo usada atualmente. A estação Crasto encontra-se em ruínas.

O eixo da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB) trouxe desenvolvimento econômico e social para a cidade de Mariana e muitos de seus distritos. Ressaltamos o legado cultural e histórico dessas estações ferroviárias, uma vez que serviram de pontos de encontro, intercâmbio cultural e desenvolvimento de identidades locais.

O Museu Ferroviário está localizado em Minas Gerais, no município de Sete Lagoas, e recebe visitas às segundas, terças, quartas, quintas e sextas, das 08h às 17h30min, com entrada franca: Rua Antônio Olinto, n. 600, Centro.  

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