Coisas do Cotidiano: Leia “Presente de Aniversário”, por Antoniomar Lima

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

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Por Antoniomar Lima Publicado em 17/07/2024, 15:19 - Atualizado em 17/07/2024, 15:19
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Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

No meu aniversário de 32 anos recebi um presente inusitado. Foi em 1997 quando mudei de Ouro Preto para Goiânia, Goiás que, nessa ida, por força do destino, tive a grata oportunidade de conhecer a poeta mineira Adélia Prado.   

Era a "Primeira Bienal do Livro do Estado de Goiás", sendo a personalidade homenageada o consagrado escritor Bernardo Élis, no Centro de Convenções da capital.

Durante duas horas embevecido ouvi Adélia Prado proferir a palestra “O Poder Humanizador da Poesia”, na qual, incentivava – como ainda hoje – os jovens lerem os poetas contemporâneos e os antigos. Ela falou da sua poesia, de quando começou a escrever e, por último, abriu-se um espaço para perguntas que escrevemos num pedaço de papel para em seguida ser depositado numa espécie de cumbuca para serem retirados fortuitamente conforme o tempo, e ela pacientemente ia respondendo. Obviamente que aproveitei esse momento e rabisquei a seguinte pergunta: ‘A senhora tem vontade de um dia entrar para A Academia Brasileira de Letras? ’.

Na resposta, ela reconheceu a importância da referida instituição, mas não mostrou nenhum interesse em fazer parte da Casa de Machado de Assis. E, hoje, por ironia do destino, é premiada pelo conjunto de sua poesia pela instituição e de quebra é agraciada com o prêmio Camões. 

Ao saber dessa notícia fiquei deveras feliz com esses dois reconhecimentos de uma grande poeta, atualmente a maior do Brasil.

Mesmo morando na pequena Divinópolis, Adélia Prado nunca esteve fora, digamos assim, da predileção no que tange a arte poética que, aliás, é de uma grandeza admirável. E sempre quando me dou de frente com pessoas iluminadas vem a minha mente a frase - que não sei de quem é - ‘O gênio não tem pátria. ’

Minas Gerais que já tivera tantas poetisas entre as quais Henriqueta Lisboa, Carolina Maria de Jesus, Bárbara Heliodora, Beatriz Brandão, Helena Morley, e as mais novas Ana Cruz e Adriane Garcia, Conceição Evaristo, agora, finalmente, vê uma de suas filhas, ainda em vida, sendo reconhecida nacionalmente e internacional pelo alto valor de sua obra.

Mas voltando ao ano de 1997. Guardo num lugar especial a declaração de ouvinte que tem muito significado para mim, ainda mais porque aconteceu justamente no meu aniversário de 32 anos.  Talvez, nem chegue ao seu conhecimento, mas deixo este registro de gratidão para Adélia Prado por ter tornado esse dia (há 27 anos) inesquecível para mim.

Laudate Dominum

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