Sofia era observada todos os dias por um homem encantado com seu jeito de andar, seu sorriso, seu olhar, sua simplicidade. Para ele, Sofia era a mulher mais linda do mundo. Ela sequer imaginava que sobre ela pousava um olhar repleto de fascinação, recheado de encantos e desvarios.
Como Ouro Preto é uma cidade razoavelmente pequena, não era difícil encontrá-la, ou melhor, tramar o momento ideal para vê-la. Ele decidiu investigar sua rotina diária, e todos os dias arrumava um jeito de vê-la. Somente durante os fins de semana é que ele não planejava nada, os encontros que aconteciam nesses dias eram meros caprichos do acaso.
Embora o rapaz tivesse essa intensidade, essa força estranha e voraz que o levava sempre ao encontro dela, não havia nada de anormal. O rapaz tomava todo cuidado para não ir além do que ele podia, por isso seu sucesso em vislumbrar a beleza e os encantos de Sofia aconteciam nos limites aceitáveis da convivência humana.
Ele costumava dizer para as pessoas que era um sonhador, o que ninguém entendia, já que era um rapaz tranquilo e sem excentricidades.
Ele dizia que alguns de seus sonhos nasciam pela manhã e se realizavam horas depois, ou até o fim do dia. Na verdade, ele dizia nas entrelinhas, que Sofia era seu sonho diário, e que vê-la era a realização de um sonho que nascia todas as manhãs nas profundezas da sua essência, na sua quase insondável intimidade.
Thales era o nome desse rapaz que no anonimato amava Sofia. Ela nem sonhava que dentro do coração do rapaz tivesse sentimentos tão bonitos. Não tinha a menor ideia de que era para ele, o melhor do seu amanhecer, e a noite a lua do seu céu. Quando a imagem de Sofia preenchia o campo de visão de Thales, ele parecia ter sensores potentes e a escaneava dos pés à cabeça.
A linda mulher vinha num caminhar lento e cadenciado, passos curtos tão suaves que pareciam deslizar como que a leveza de uma pluma, ninguém percebia naquele acontecimento magistral, o fascínio de tão gracioso ato.
O olhar de Sofia tinha o poder de parar o mundo. Thales mergulhava nas profundezas daquele olhar infindo, e se perdia ante a magia contida nele. Aquele olhar único era responsável por bagunçar aquele rapaz a ponto de abalá-lo completamente.
O sorriso e a simplicidade de Sofia eram outros encantos observados por Thales. Ela aliava simplicidade e altivez sem demonstrar ar de superioridade ou desejo de sê-lo, tinha uma conduta que demonstrava leveza, um jeito só dela, uma naturalidade encantadora. As palavras encontradas no dicionário que definiam beleza, não foram suficientes para descrever a graciosidade de Sofia, esse inexplicável existente nela, se entranhou em Thales a ponto dela se tornar o seu o sonho diário.
E assim podemos concluir que todos os sonhos valem a pena, aqueles que se realizam no mesmo dia, aqueles que precisam de tempo, ou até mesmo aqueles que nunca se realizarão.
E Thales não perdia a compostura, tomando cuidado para não ir além de onde achava que devia.
Sofia vivia sua vida normalmente, sabia da existência de Thales, mas sequer imaginava o que estava no ar.
E Thales continuou dia a dia a contemplar a beleza de Sofia, aquela que lhe tirava o juízo.
Esse Robertinho conhece demais!! Parabéns!!