‘Amor, o encontro dos invisíveis’, por Roberto dos Santos

Leia mais um conto inédito de Roberto dos Santos para o JVA.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 18/03/2024, 10:25 - Atualizado em 18/03/2024, 10:26
A escrita de Roberto dos Santos, colunista cativo do JVA, transita entre a prosa, o conto e a crônica. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

Por que um homem se apaixona por uma mulher? Por que uma mulher se apaixona por um homem? Qual a explicação?

O que faz alguém render-se a encantos inexplicáveis, já que as reações são diversas, varia de pessoa para pessoa?

O certo é que cada mulher, cada homem é um ser único, e suas particularidades é que traz à tona os fascínios próprios de cada um. Os atributos físicos não é a principal impulsão para o amor. Quando o amor nasce de um olhar, ou de um sorriso, por exemplo, algo mais profundo já aconteceu nos milionésimos de segundos. O que encantou o outro não foi simplesmente a beleza do sorriso ou do olhar, mas o composto da sua essência. Existe algo muito mais profundo.

O amor provoca desatinos, e os sujeitos, homem ou mulher, nem sabem a razão de tantos frenesis.

Através de um olhar, às vezes despretensioso, nasce um grande amor. A explicação não existe, ninguém consegue explicar essa magia enlaçada no olhar. O que dizer disso, parece como uma tecnologia de rede sem fio, ondas eletromagnéticas, algo que se conecta sem se tocar.

Uma força descomunal que empurra um na direção do outro, difícil explicar essa força estranha.

O corpo fica descompassado, calafrios parecendo descarga elétrica, e o pensamento desenha a todo momento imagens da pessoa amada.

As noites se alongam entre pensamentos intermináveis e sonhos recorrentes. A mente projeta intuitivamente as sensações de alegria provindas dos abraços, beijos, dos olhares, dos jeitos e trejeitos.

O coração chega a doer, mas é uma dor diferente, acho até que não é dor, uma coisa assim como uma intensa saudade.

A escala de tempo é diferenciada, estar distante por segundos, minutos ou horas, significa a mesma coisa. O aperto no coração acontece às vezes nem é pelo desejo de encontro dos corpos, mas a falta de ver a pessoa amada e sentir aquelas gostosas sensações.

Existem tantas coisas nesse universo do amor, que beiram o sobrenatural, coisas que os olhos não podem ver, e acaba sendo essas coisas invisíveis que se encontram e se entrelaçam. Daí em diante, após o “encontro dos invisíveis” um mundo que conhecemos pouco, se desenvolve e toma proporções às vezes incontroláveis e incompreensíveis.

Parece que temos dentro de nós uma imensa sala de controle com diversos botões de acionamento. Seus acionamentos acontecem quando um sorriso, um olhar, o jeito de andar, o som da voz, os cabelos, e tantas outras coisas, acessam nossos sentidos.

A propósito, existe no mundo uma imagem de homem e mulher ideal, mas isso não faz sentido para mim, porque todo ser é único. A mulher ideal é aquela que os invisíveis se encontram e se mesclam, aglutinam, e daí nasce algo que os conectam sem razão. E nem precisa ser amor, esse encontro pode gerar admiração, reconhecimento e outros sentimentos bonitos.

Logo, pessoas diferentes, sugerem representatividades diferentes. O que um vê passa despercebido ao outro, e isso é perfeitamente normal, justamente por causa da unicidade.

Cada olhar tem seus componentes geradores de encantos, cada abraço tem seus traços de intimidade e conforto. Cada beijo tem seu sabor e não é de uma fruta, ou comestíveis, mas o sabor de alguém. Os cabelos também adornam os rostos e lhes dão identidade. E outra coisa importante são os silêncios do amor, aquelas manifestações sentidas que nos desarranja, que nos faz perder o prumo.

Sensações que nos sugerem contemplar a beleza de alguém sem que nenhuma palavra seja dita. São os silêncios do amor.

O maior dos amores é aquele que nasce de dentro para fora, o que se vê externamente é fruto de uma explosão interior.

Mas isso é uma outra história para um outro pôr do sol. Por hora fiquemos com a incumbência de não deixar tanta vida para depois, e amar como se não houvesse amanhã.

Um Comentário

  1. Wanderléia 22/03/2024 em 06:21- Responder

    texto maravilhoso,parabéns, encantada com a forma de expressar o amor e os sentimentos algo preciso

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