Os acústicos da MTV foram uma série de shows musicais intimistas que começaram em 1989 e se tornaram um fenômeno cultural ao longo dos anos. A ideia por trás dos acústicos era proporcionar um ambiente mais íntimo e minimalista para os artistas se apresentarem, enfatizando a qualidade das músicas e das performances ao vivo.
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O primeiro acústico da MTV foi com a banda britânica Squeeze, em 1989 e, em sua primeira série, contou com artistas como Aerosmith, Poison, Elton John e Sinéad O’Connor. Contudo, não havia o objetivo de um show completo ou turnê.
Do Nirvana a um formato de sucesso
Foi o lendário show do Nirvana, em 1993, que realmente catapultou essa série para a fama. A apresentação do Nirvana no "MTV Unplugged" se tornou um marco na história da música, principalmente devido à interpretação emocional e crua da banda.
No Brasil, o formato teve transmissão contínua entre 1990 e 2012, com mais de 30 apresentações. Merecem destaques os acústicos de Rita Lee, Paralamas do Sucesso, Cássia Eller, Ira! Jorge Ben e Capital Inicial.
Retorno do formato Acústico MTV aconteceu este ano
Após um longo hiato, a MTV lançou em fevereiro deste ano, o Acústico MTV de Manu Gavassi, interpretando na íntegra o álbum Fruto Proibido de Rita Lee. Contudo, mesmo com o aceno de retorno, percebe-se que as mudanças no mercado da música não geram, atualmente, o mesmo impacto que os acústicos tiveram na década de 1990.
Acústicos sem o selo MTV que merecem atenção
A seguir, listamos 10 discos gravados nos mesmos moldes, porém sem a marca MTV no álbum. Alguns se tornaram notórios enquanto outros seguem aguardando uma revisão histórica para mostrarem sua importância. Veja a lista!
Whitesnake | Starkers in Tokyo (1997)
No auge dos acústicos MTV, a banda britânica de hard rock Whitesnake levou o conceito ao extremo. Isso porque, em seu disco neste formato, contou apenas com voz e violão e uma plateia de pouco mais de 150 pessoas.
"Starkers in Tokyo" é um álbum acústico ao vivo lançado pela banda britânica Whitesnake em 1997. O título é um jogo de palavras com o termo "Starkers", que significa estar nu, referindo-se ao caráter despojado e intimista das performances acústicas presentes no álbum.
O álbum foi gravado durante um show especial realizado no Japão, onde o Whitesnake apresentou uma seleção de seus maiores sucessos em versões acústicas.
"Starkers in Tokyo" inclui clássicos do Whitesnake como "Sailing Ships", "Is This Love", "Here I Go Again" e "Fool for Your Loving". O álbum também inclui “Soldier of Fortune”, do período em que David Coverdale era vocalista do Deep Purple.
Rita Lee | Bossa n’ roll (1991)
A convite de João Araújo, presidente da Som Livre (e pai de Cazuza), Rita Lee aceitou a proposta de fazer o show em formato de álbum. Foi o retorno da cantora, após 6 anos, à Som Livre, gravadora que esteve ligada de 1975 até 1985. A canção "Every breath you take" recebeu um clipe promocional.
Lançado em 1991, o álbum foi o pontapé inicial para a gravação do Acústico MTV, 7 anos depois, que vendeu em torno de 1 milhão de cópias na época, sendo o maior sucesso da cantora em toda a sua carreira.
Quanto ao Bossa n’ roll, ele acaba de ser relançado em vinil e espera uma audição cuidadosa dos fãs da rainha do rock.
Nenhum de Nós | Acústico ao Vivo (1994)
Sucesso nos anos 1990, o Nenhum de Nós reinventou e revisitou sua carreira no formato acústico em três ocasiões. A primeira delas (e a mais significativa) foi com o Acústico ao vivo no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
Passando por uma fase sem gravadora, os gaúchos apostaram em sucessos desplugados de canções como “Camila, Camila”, “Diga à ela”, “Extraño” e a cover de “Canção da meia-noite”, de Kleiton & Kledir. O álbum vendeu mais de 100 mil cópias e deu um novo gás à banda.
Em 2003, eles repetiram a dose e gravaram o segundo acústico, que repetiu o sucesso e as vendas do primeiro. Merece destaque o cover para “Um girassol da cor do seu cabelo”, de Milton Nascimento e Lô Borges.
Por fim, em 2013, o Nenhum de Nós lançou “Contos acústicos de água e fogo” e inseriu no repertório desplugado faixas mais recentes da carreira.
Engenheiros do Hawaii | Filmes de guerra, canções de amor (1993)
Antes do estrondoso sucesso de seu Acústico MTV, de 2004, os Engenheiros já haviam se aventurado por guitarras semi acústicas e um clima intimista, em seu segundo álbum ao vivo, “Filmes de guerra, canções de amor”.
O álbum contou com a rotação de 5 videoclipes na MTV Brasil: "Mapas do Acaso", "Quanto Vale a Vida?", "Crônica", "Às Vezes Nunca" e "Realidade Virtual".
Elvis Presley | ‘68 Comeback special (1968)
Após uma enxurrada de lançamentos no formato acústico, até o rei do rock teve desenterrado um show no auge da carreira, no formato voz e violão.
Muitos afirmam que esse momento foi uma espécie de continuação de uma volta triunfal de Elvis Presley, que teve início no começo de 1967 com o lançamento do disco “How Great Thou Art”. Elvis, que além de participar deste antológico momento como protagonista, também ajudou a produzi-lo, dando várias dicas, como pode ser ouvido nos inúmeros discos piratas lançados nos últimos anos.
Três canções inéditas foram feitas exclusivamente para esse especial, "Memories", "If I Can Dream" e "Saved", a segunda, é considerada uma das letras mais bonitas de toda a sua carreira. E mais quatro canções foram interpretadas por Elvis pela primeira vez, "Baby, What You Want Me To Do", "Up Above My Head", "Nothingville" e "Tiger Man" (lançada no disco Elvis Sings Flaming Star).
Bon Jovi | This left feels right (2003)
Durante uma nova fase de sucesso da banda de hard rock americana (parte dele, por causa do mega hit “It’s my life”, o Bon Jovi decidiu fazer seu próprio acústico, sem o selo MTV. Contudo, o disco foi feito em estúdio, com novos arranjos para clássicos do rock e algumas canções mais novas.
This left feels right abre com uma pegada zeppeliana folk para “Wanted dead or alive”. “Living on a prayer” tem participação da atriz e cantora Olivia d’Abo e o destaque vai para “You give love a bad name”, num vocal mais rouco e sexy de Jon.
O lançamento alcançou, naquele ano, o 14º lugar na parada da Billboard americana.
Scorpions | Acoustica (2001)
Gravado durante três concertos do Scorpions no Convento do Beato, em Portugal, Acoustica é uma jornada pelo lado mais baladeiro e romântico da banda de rock alemã. Além de sucessos como “Wind of change” e “Still loving you”, o Scorpions apostou no cover de “Drive” (The Cars), “Dust in the wind” (Kansas) e de “Love of my life” (Queen).
O sucesso do formato desplugado foi tanto que, 12 anos depois, a banda lançaria um outro acústico, desta vez, sob o selo da MTV. Entre os fãs, há um consenso que o primeiro álbum neste formato é muito superior ao de 2013.
Zé Ramalho | Antologia acústica (2005)
O compositor e cantor Zé Ramalho lançou um álbum duplo para comemorar 20 anos de carreira onde revisitou seus principais clássicos. Ainda que a carreira do músico fosse sempre calcada no som do violão, os novos arranjos priorizavam a voz e melodia do paraibano.
Músicas como “Terceira lâmina”, “Chão de giz” e “Avohai” ganharam nova roupagem. Por sua vez, deu tempo de inserir no disco o cover em português de “Knockin’ on a heaven's door”, de Bob Dylan, que se chamou “Batendo na porta do céu” e teve tradução literal em sua letra.
Daniela Mercury | O axé, a voz e o violão (2016)
A cantora baiana Daniela Mercury também se despiu das grandes produções do axé brasileiro e gravou, em parceria com o Canal Brasil, seu registro desplugado.
Com um repertório que passou por músicas de sucessos da sua carreira e covers, Daniela apostou na poderosa voz para recriar medleys como “Faraó” e “Como nossos pais”, que são o destaque do álbum.
Também merecem atenção a recriação de “Noturno” (Fagner) e de “O canto da cidade”, o primeiro sucesso nacional que levou Daniela para o topo das paradas de todo o Brasil no início da década de 1990.
Ney Matogrosso | Canto em qualquer canto (2005)
No início da década de 2000, Ney já era considerado um dos maiores intérpretes da música brasileira. Com álbuns que passeiam entre o rock, o samba e a MPB, ele comemorou 30 anos de carreira com o ao vivo “Canto em qualquer canto”.
Nele, Ney revisita clássicos de seu repertório ao lado apenas de um quarteto de violões, a cargo de Marcelo Gonçalves, Pedro Jóia, Ricardo Silveira e Zé Paulo Becker. Os destaques vão para o acento flamenco em “Oriente” (Gilberto Gil) e para a interpretação passional de “De tanto amar” (Roberto Carlos).
*Wendell Soares é jornalista, pós-graduado em Marketing Digital, escritor, redator SEO, Social Media e aficionado pelo universo e cultura pop. Nascido em Ipatinga, se considera ouro-pretano de coração.
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