Sanatório Geral rende homenagem ao Eterno Cariá Roque do Zé Pereira

O ilustre ouro-pretano nos deixou no dia 11 de janeiro de 2021.

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Por João Paulo Silva Publicado em 21/02/2023, 16:35 - Atualizado em 21/02/2023, 16:40
Foto – Reprodução. Crédito – Tino Ansaloni / JVA. Siga no Google News

O sábado de carnaval foi de festa e folia, mas também foi dia de emoção em Ouro Preto (MG). A princípio seria apenas uma noite normal no coração das Minas Gerais. Como de costume, o Sanatório Geral realizou o seu tradicional desfile, saindo do Chafariz localizado ao lado da Basílica de Nossa Senhora do Pilar em direção à Praça Tiradentes, esse ano homenageando o Roque, Cariá mais famoso da história.

Mas os seus integrantes e quem acompanhava encantado o cortejo de perto, não podia esperar que o Zé Pereira Club dos Lacaios, a agremiação carnavalesca mais antiga do país, do qual Roque era integrante, também chegaria ao local de surpresa com a intenção de homenagear o Sanatório, conhecido por reviver personalidades tradicionais e excêntricas da cidade histórica. E as homenagens não pararam por aí.

https://www.youtube.com/watch?v=JPR4CfEpt8c
Clique no play e assista ao vídeo gravado no sábado de carnaval.

Após os tradicionais blocos se encontrarem no coração da cidade, local conhecido por sua magia e história, ambos reverenciaram uma das figuras mais ilustres da antiga Vila Rica: Roque Liberato Nolasco, o Eterno Cariá. Além de ser conhecido pela sua atuação na folia ouro-pretana como Cariá por mais de 60 anos, Roque também foi, durante décadas, cruciferário da Irmandade do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e se fazia presente nas diversas procissões e festividades religiosas tradicionais da cidade e nos deixou no dia 11 de janeiro de 2021, após sofrer uma queda. Sobram a saudade, a memória e o carinho.

Mas afinal, o que é um Cariá? Talvez só quem viveu esse personagem e dedicou quase uma vida inteira a ele e à cultura ancestral de Ouro Preto seja capaz de responder a essa pergunta. Para nós, que apenas olhávamos seu desempenho admirados, conseguimos, no máximo, reduzir a sua atuação a um homem vestido de demônio que usava uma lança de metal riscando o calçamento histórico e criando faíscas, no intuito de abrir caminho para agremiação. Roque foi muito mais que isso. E abriu caminhos, literalmente.

Foi-se o homem, o religioso, o ouro-pretano, o cariá, a cultura viva e resistente, parte da história de Minas Gerais e do Brasil. Mas seu legado continua ecoando pelas ladeiras de Ouro Preto. O que o Sanatório Geral e o Zé Pereira Club dos Lacaios fizeram com a homenagem ao Velho Roque se chama generosidade, respeito e gratidão. Ou até mais que isso. Ao se abraçarem lembrando o velho Roque durante a festa mais popular do país, eles nos provaram que, parafraseando a também mineira e poeta Adélia Prado, “o que a memória ama fica eterno”.

O Bonecão representando Roque foi criado no Galpão Criativo da extinta Escola de Samba Sinhá Olímpia que por problemas logísticos deixou de desfilar na Praça Tiradentes em 2015. No local, artistas de Ouro Preto desenvolvem alegorias para escolas de samba e blocos carnavalescos.

Roque Liberato Nolasco concede entrevista ao Jornal Voz Ativa pouco antes de falecer. Crédito - Tino Ansaloni / JVA.

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