Coisas do Cotidiano: “O povo nordestino”, por Antoniomar Lima

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 21/10/2022, 15:02 - Atualizado em 21/10/2022, 18:27
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Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário.” Escreveu Euclides da Cunha em seu livro “Os Sertões”.

Essa foi a impressão do escritor carioca quando viu de perto, ao vivo e em cores, a realidade do povo nordestino e seu habitat. E, devemos admitir que para viver num lugar quase inóspito como o sertão daquele tempo e, creio que ainda hoje, não era e nem é para qualquer um. Tinha que ser realmente forte, mesmo não parecendo, como bem pontuou Euclides da Cunha.

E, nos tempos modernos, no que concerne ao campo abstrato, creio que ele tem que ser ainda mais forte diante das injustas ideias xenofóbicas que ultimamente tem sido alvo, talvez, por pessoas que desconhecem a sua realidade e a luta que travam em prol da sobrevivência. Isto é, os que espalham essas ideias absurdas e levianas não têm a mínima noção da importância e do imenso significado de ser nordestino.

Não se pode esquecer que o Brasil começou justamente no Nordeste, mais precisamente, no dia 22 de abril de 1500, no Estado da Bahia, com a chegada das caravelas portuguesas capitaneadas por Pedro Álvares Cabral. Enfim, é uma longa história que requer tempo e espaço. 

Além do mais, não se pode deixar de reconhecer também as constantes e significativas contribuições do povo nordestino nas mais variadas áreas da cultura brasileira.

O preconceito contra os nordestinos têm sido frequentes e, pelo visto, não há previsão de quando irá cessar. Por outro lado, os nordestinos portam-se com dignidade e respeito, e não revidam de forma agressiva a esses ataques, isto é, continuam recebendo da melhor maneira possível os que aportam em suas terras, dando-lhes as boas vindas, sem quaisquer menções bairristas, recebendo todos os seus visitantes e turistas de braços abertos porque entendem que esses casos são casos isolados de pessoas sem noção histórica e sem amor às suas origens.

Não escondo a minha descendência. Sou filho do maranhão e, desde pequeno, aprendi com meus saudosos pais a respeitar os meus semelhantes, independente quem seja e de onde forem.

Diante do exposto, rogo encarecidamente aos meus conterrâneos e aos meus irmãos nordestinos que não dêem ouvido as inverdades, sem cabeça nem pés, que disseminam por aí; que continuem sendo quem são: alegres, diligentes e persistentes pensando na grandeza de nosso país, como é de tradição.

Assim como os outros povos se orgulham de sua descendência, porque nós nordestinos não teríamos também esse privilégio?

Laudate Dominum

“Coisas do Cotidiano”

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

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