Prosa na Janela: “A menina da cachoeira”, por Roberto dos Santos

Home » Prosa na Janela: “A menina da cachoeira”, por Roberto dos Santos
Por Roberto dos Santos Publicado em 22/08/2022, 16:22 - Atualizado em 22/08/2022, 16:22
Foto – Roberto dos Santos. Crédito – Arquivo pessoal. Siga no Google News

Lorenzo conheceu Anelise no dia em que visitou o distrito ouro-pretano de São Bartolomeu pela primeira vez. De tanto ouvir falar das coisas boas que existiam naquele lugar tirou um fim de semana para conferir “in loco”.

Depois de conhecer os famosos doces caseiros, a famosa goiabada premiada, patrimônio imaterial de Ouro Preto. Decidiu descobrir as maravilhas das belezas naturais do distrito. 

Chegou numa belíssima cachoeira e teve a visão mais linda do mundo. Uma queda de mais ou menos 30 metros de altura e no ponto exato onde as águas se encontravam com as pedras no chão, estava Anelise.

Lorenzo viu entre as águas, uma silhueta com movimentos delicados sincronizados com o bailar das águas que caia. Mexia nos cabelos com movimentos suaves e leves, como o plainar de um beija flor. O sorriso reluzia quando incidia sobre ela filetes de luz que o sol caprichosamente projetava.

Anelise não havia surgido do nada naquela cachoeira, um pouco mais acima estavam seus familiares que não moravam no distrito, assim como ela, estavam na casa de familiares nascidos e criados no lugarejo.

Depois desse primeiro momento, Lorenzo adentrou um pouco mais ao espaço da cachoeira e num gramado um pouco mais acima, encontrou os familiares de Anelise. Receptivos acolheram o moço, e partilharam com ele as maravilhas daquele cantinho aconchegante de Ouro preto.

Alguns minutos depois Anelise chegou, minúsculos pingos d’água passeavam pelo seu corpo, sua pele arrepiada denunciava o frescor das águas.

Cumprimentou Lorenzo apertando-lhe a mão, se envolveu numa toalha com estampas coloridas e começou a participar do diálogo já em andamento.

Os olhares se cruzavam provocando em ambos sensações inexplicáveis. Uma sensação de felicidade e bem estar típico de quem está envolto por altos níveis de ocitocina, o hormônio do amor, assim chamado pela comunidade médica.

Anelise e seus familiares pareciam conhecer Lorenzo de longas datas, conversavam desenvoltos e sem reservas.

Passado algum tempo, fizeram o caminho de volta rumo ao povoado, assim que chegaram se dirigiram para seus lugares de repouso. Lorenzo foi para a pousada e Anelise para a casa de seus familiares. Era umas 11h30min da manhã.

Às 16h30min, Lorenzo sentiu um desejo incontrolável de sentar num paredão de pedra bem em frente à igreja matriz de São Bartolomeu, havia passado por lá pela manhã e achado lindo. Não pensou duas vezes e para lá se dirigiu.

Já nas imediações da matriz, avistou uma linda mulher sentada na porta do templo, como se estivesse descansando. Tinha todas as características de Anelise. Lorenzo desejou que fosse realmente ela, e em forma de prece pronunciou no seu íntimo clamores ostensivos ao céu.

Já próximo de onde estava a moça, chamou por ela. A resposta foi um sorriso que demostrou toda satisfação em revê-lo.

Ele então se apressou em encontra-la e oferecendo-lhe as mãos a ajudou a levantar. De pé se abraçaram e deixaram fluir a gama de sentimentos bons que a atmosfera mantinha a rodeá-los. As palavras faltaram, o silêncio barulhento imperava, não teve como conter o beijo que significou o mútuo amor.

─ Como sabia que eu estaria aqui?

Disse Anelise rompendo o silêncio.

─ Eu não sabia, fui impulsionado a vir por uma força que aguçou meu desejo e atendendo a ele não resisti e caminhei até aqui. Meu plano era vir amanhã.

Disse Lorenzo respondendo a Anelise e na mesma fala perguntou:

─ E você vem sempre aqui?

─ Não! Na verdade gosto mesmo é de caminhar antes de o sol ir embora. Gosto de vê-lo se deslocando lentamente lá no alto antes de esconder atrás da montanha. Mas hoje senti uma vontade inexplicável de sentar aqui, fechar os olhos e sentir, apenas sentir. Aí você chegou...

─ Interessante!

Disse Lorenzo sentindo que o tempo, o vento, o sol, a natureza estivesse tramando a seu favor, e aproveitando o clima de romance no ar, abraçou Anelise bem apertado e sussurrando no seu ouvido perguntou:

─ Você quer namorar comigo?

A resposta não veio de imediato, primeiro ela afastou seu rosto do dele de jeito que os olhares se encontrassem, nenhuma palavra foi dita enquanto um bombardeio de emoções dava-se de olhar para olhar. Na sequência ela voltou a aproximar seu rosto ao dele e apertou o abraço. Com os lábios próximos ao ouvido de Lorenzo sussurrando disse sim. E sem desfazer o abraço um beijo de amor marcou o começo de tudo.

Depois daquela tarde de sábado em São Bartolomeu, a vida dos dois não foi mais a mesma. Anelise aproveitou o restante da tarde e o domingo quase todo para mostrar seu cantinho de Ouro Preto preferido para Lorenzo.

No domingo a noite ele foi embora, mas antes disse a ela:

. ─ Eu só queria conhecer as cachoeiras, e as coisas bonitas que disseram que tinham aqui, mas de você ninguém falou, não perceberam que dentre todas as belezas de São Bartolomeu existia a mais linda mulher.

E entre lágrimas se despediu, prometendo se encontrarem no próximo fim de semana. E Anelise sorriu cheia de felicidade, extasiada e atônita, afinal seu fim de semana havia sido intenso, dois minutos se passaram e a saudade Já habitava os corações enamorados.

Um Comentário

  1. Wanderléia 22/08/2022 em 17:20- Responder

    Parabéns excelente adorei o texto com uma doçura e suavidade de falar de amor quando falado de são Bartolomeu e os encantos das igrejas e cachoeira e belíssima paisagem parabéns

Deixar Um Comentário