Cada Tempo
Cada tempo tem suas novidades:
Acontecimentos e particularidades.
Mais notícias de guerras do que de paz.
Vivemos em função do “quero mais…”.
A sede humana é insaciável, infinita,
Essa é a sua sina, a sua desdita.
Com o passar do tempo tudo muda:
Pessoas, coisas, tudo. Deus nos acuda!
Em meio a tantas e várias mudanças,
Buscamos cheios de esperanças
Que tudo mude, mas para melhor,
E que fique bem longe de nós o pior.
E quando o pior ocorre de repente?
Sentimo-nos menos humanos, gente.
Mas não podemos nos dispersar,
Temos que entender e disciplinar
A vontade e aguardar o momento
De agir com sabedoria, discernimento.
Nem tudo pode ser posto em prática,
Tal é uma cotidiana ginástica
Para que saibamos nos conduzir bem,
Para que o dia termine sem
Que haja uma nódoa, sem prejuízos
Que mantenha nossos sorrisos.
Viver é um jogo de xadrez
Onde é preciso paciência, esperar a vez,
De dar o aguardado xeque mate
Na realização dum sonho, do resgate,
Talvez, da dignidade ultrajada,
Sem perdermos, é claro, o fio da meada.
A modernização não pede licença,
Quer mostrar o ar de sua ávida presença
Com as suas coisas inéditas, inauditas,
Coisas que se mostram infinitas,
Mas que já nascem sentenciadas
A ficarem (como tudo) ultrapassadas.
Desde o momento que o novo
Ajude a melhorar a vida do povo
Tem o meu incondicional apoio.
É mister extrairmos o joio
Para que possamos viver felizes.
Chega de desenganos e deslizes!
Não sou contra a modernidade,
Sou contra a falta de humanidade,
Com os que possuem menos cobres,
Que lutam, lutam, e continuam pobres.
E outros que andam ao léu pelas ruas,
Ultrajados pelas falcatruas
De homens “sérios” vestidos a rigor,
Que furtam sem o mínimo pudor,
Sem a mínima vergonha na cara,
Tutores de uma ferida que não sara.
Inumeráveis são os retardatários
Que são tachados de otários
Pelos que subestimam o amor cristão
Que é amar como a si mesmo o seu irmão.
Em meio à modernidade o amor agoniza,
E quem, hoje, de fato, o prioriza
Merece (mesmo no anonimato) salva
De palmas, sem ressalva.
Bom seria que não houvesse perdedores,
Que não existissem dores!
Mas existem, bem sabemos,
Desde o nascimento até quando morremos.
Mas não esqueçamos o sorriso,
O mesmo que nos levará ao paraíso…
Mesmo com os altos e baixos cotidianos,
Mantenhamos firmes nossos planos,
Sonhos, principalmente, a esperança
Num amanhã florido e de bonança.
Vivamos nosso tempo com amor e fé,
Que não apareça nenhum Mané
Além de Mané Garrincha, gênio da bola,
E não um que ilude e enrola.
Havemos de dar a volta por cima,
E manter acesa a auto-estima
No mar de absurdos e contradições
Que vemos em todas as direções…
Laudate Dominum
“Coisas do Cotidiano”
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
Perfeito
Poema de grande sabedoria.. realmente que saibamos utilizar o tempo a nosso favor e esperar o tempo certo das coisas