Qual o valor da vida humana? Eis uma pergunta que nos deixa perplexos, diante de um paradoxo. Isso significa que o próprio ser humano - em sua ótica limitada - não pode avaliar de forma minuciosa, sem incorrer em erros e falhas ao opinar quanto a esse valor, pois, ele mesmo como ser humano que é sabe, ou deveria saber que, ao mesmo tempo em que a vida vale tudo, ela não vale nada.
Vez por outra, essa pergunta vem à tona, principalmente, toda vez que ocorre um acontecimento de grande repercussão como o que aconteceu esses dias no Rio de Janeiro com o jovem congolês Moïse Kabagambe (24) que chegou ao Brasil em 2014, justamente, fugindo da guerra e da fome - violências dolorosas - que grassavam em seu país e que foi fatidicamente e brutalmente assassinado no país que o abrigou e que ele, creio, pensou que lhe daria a felicidade que não teve em seu país de origem.
Nada justifica a violência extrema a ponto de suprimir a vida de outro ser humano, ainda mais, por motivos reles. Diante disso, não podemos esquecer que, independente da cor, religião, etc. e tal, a vida do outro vale tanto quanto a nossa! Na maioria das constituições reza a primazia da vida de seus cidadãos e estrangeiros.
No papel esse direito está politizado, garantido. Mas na prática percebemos a cada dia que esse anseio não passa de uma utopia, que ainda falta um longo e incerto caminho a percorrer, pois, as ocorrências aumentam o contingente de vítimas. E como tais são imprevistas e não sabemos quando ocorrerão, aonde e com quem, como dizem ‘o barco navega à deriva... ’.
Talvez, Jesus Cristo quando falou: ‘amai uns aos outros como eu vos amei!’, estava nos advertindo quanto a essas ocorrências também, sabendo que nos esqueceríamos de amar e respeitar o próximo, verdadeiramente.
Como o nosso Machado de Assis escreveu no seu Memórias Póstumas de Brás Cubas: ‘Creiam-me, o menos mau é recordar, ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota de baba de Caim'.
Laudate Dominum
“Coisas do Cotidiano”
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana”.
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