Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Daí em diante o uso da máscara foi recomendado em todo o mundo. Era uma medida preventiva para conter a disseminação do vírus que avançava mundo afora.
A nossa tão presente máscara, que esconde nossos rostos, foi nesses quase dois anos um artefato cruel, embora tenhamos que reconhecer sua importância. Lembrei muito do filme do Zorro, eu que pensava que aquela máscara de pano cobrindo o rosto do herói, fosse insuficiente para esconder sua verdadeira identidade. Vivia me questionando porque ninguém o reconhecia quando se desfazia de sua máscara e voltava a ser Dom Diego de La Vega. Era uma máscara diferente da que usamos, mas mesmo assim ocultava traços reveladores, inclusive a informação de quem era ele.
Desfiz-me das desconfianças acerca do citado personagem quando a pandemia chegou. Bastou alguns dias para ver que esse apetrecho de tecido ou descartável ocultava boa parte de nós.
Houve a necessidade de aprender a ler o outro de forma diferente. Não tinha mais o sorriso que integrado ao olhar era o suprassumo da comunicação visual. A voz abafada dificultava qualquer diálogo, e nessa toada o tempo foi passando.
O jeito de andar passou a ser um elemento importante para identificar uma pessoa, o sorriso nada dizia por que estava escondido, dias difíceis esses da pandemia!
Algumas vezes nesses dias de agora, cheguei a me surpreender, no bom sentido é claro! Nos relances, rostos e sorrisos inimagináveis, traços jamais pensados. Culpa da máscara que escondia faces dissímeis, e eu que pensava que o Zorro se expunha demais e que os vilões iriam pega-lo a qualquer momento. Na verdade o herói disfarçado estava bem escondido, a máscara que o caracterizava era muito mais que um adereço, protegia sua identidade magistralmente.
A máscara de proteção contra a COVID-19 diferente da do Zorro ocultava a boca e o nariz, com isso o olhar era tudo que se tinha, nem as expressões faciais que nos ajudam a interpretar reações e sentimentos era possível saber.
Contudo, um dos exercícios indispensáveis pós-pandemia será os reencontros, redescobrir os abraços, reviver os sorrisos conhecidos e estreitar as amizades construídas enquanto pairava o distanciamento social. Exercitar sem limites o aperto de mão em sinal de respeito e marcar com esse gesto o desejo de unidade e paz.
É certo que vamos nos surpreender com muita gente, faces serão reveladas, o que a máscara escondia se apresentará com é verdadeiramente, e então o que a imaginação construiu se renderá ao que é real.
Quando pudermos tirar a máscara, haveremos de encher esse mundo de sorrisos. Sorrir para vida, sorrir para e por aqueles que guardavam seu sorriso, mas não vão poder extravasa-lo.
Abraços calorosos, beijos quentes nas faces ao vento, apertos de mãos firmes e esperançosos. Vamos viver não como era antes, pois buscamos excelência em nossas vidas. Vamos procurar ser melhores do que éramos o mundo vai precisar de todos nós.
Posto isso, sigamos em frente, afinal caminhar é preciso.
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