O poeta Manuel Bandeira que praticou uma literatura com temas simples e corriqueiros, dizia que gostava de estar no meio do povo, pois segundo ele, este é que fala gostoso. Sou da mesma opinião do bardo pernambucano.
Já li “Estrela da Vida Inteira” vezes incontáveis. E, cada vez que releio a sua obra completa, mais me certifico que para escrever não necessitamos de uma erudição estupenda e, sim, saber atritar as palavras e tentar, da melhor maneira possível dizer o que verdadeiramente queremos.
Aliás, ele mesmo deixou um conselho, de sua própria experiência, aos que têm vocação para a escrita: “não escrevo quando eu quero, mas quando a poesia quer”.
Creio que esse conselho serve tanto para a poesia quanto para a prosa. Ele queria dizer para a gente não forçar a escrita, mas esperar o momento propício que, cada um saberá quando for à hora.
Por outro lado, outros poetas já disseminaram o inverso, como é o caso de João Cabral de Melo Neto, o engenheiro da palavra, que não acreditava na inspiração, mas sim, num trabalho mental, sem o intermédio da emoção.
Enfim, esse e outros pontos de vista - se tivermos paciência de procurar - certamente, acharemos, pois, hoje em dia, existem aos montes...
Particularmente, acredito que todos são válidos. Além do mais, depende muito de cada autor, consciente dos estilos ou não, de passar para o papel o que realmente quer passar. Não há um monopólio ou uma regra de poder absoluto sobre como se deve escrever. Cada artista é uma instituição com sua visão distinta.
Outro exemplo que me veio à mente é o caso da poetisa goiana Cora Coralina que, segundo ela mesma, até tentou ler a gramática, mas chegou à conclusão que nada escreveria se pautasse os seus escritos por ela. E, mesmo não seguindo os ditames da gramática, conseguiu criar obras marcantes e deixou seu nome eternizado na literatura brasileira.
Não podemos subestimar as opiniões dos mestres. Tais opiniões não se restringem somente ao campo artístico, elas servem até para as coisas mais simples do cotidiano que parecem insignificantes, mas que carregam em si grandes lições que muito ajudam na vida prática.
Laudate Dominum
"Coisas do Cotidiano"
Em "Coisas do Cotidiano", o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana”.
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