Chega um tempo na vida que a emoção já não faz tanto efeito como outrora - não se trata de frieza ou coisa do gênero - ela torna-se mais contida, mais lúcida, digamos assim. E, diante de certos acontecimentos, ela, a razão, fala mais alto, pede licença para se estabelecer com a vênia da moderada emoção. Pois, é quase impossível, ou impossível, lidar com as coisas humanas sem que haja, em algum grau, a intervenção desta.
Quando aprendemos a dosar – não medida certa, não acredito nisso. Para falar a verdade, nem sei se isso existe! Acredito na medida necessária, dentro do possível, para tirarmos a conclusão de alguma coisa, ou mesmo, tomarmos alguma decisão em nossa vida prática.
Quando somos mais novos nos atrapalhamos na emoção, tropeçamos amiúde nela, pois nessa fase a reflexão ainda não conheceu o seu lugar no contexto. E, arrisco-me a dizer que, dependendo do caso, até pessoas mais velhas que se consideram experientes caem na armadilha das emoções incontroláveis, assistemáticas. Isto é, sem a presença da lucidez, da serenidade, para tentar acalmar alguma súbita tempestade que, vez por outra, nos deixa perplexa, sem norte.
Na verdade, razão e emoção se imbricam durante a saga humana na terra. Lembro-me de uma frase de D. Maria Isabel Reis Lima, minha saudosa mãe que oportunamente rememorava – como se tivesse a intenção de fixar na minha mente - a seguinte frase: “tudo demais é sobra, meu filho!”.
Essas e outras frases que ela emitia ficaram gravadas na minha memória sobre diversas situações e testemunho que, algum momento da minha vida, vi a profecia materna se realizar ante meus olhos estupefatos e orgulhosos pela simplicidade de sua sabedoria.
A vida tem fases interessantes e só não aprende quem não quer, ou talvez, não sabemos por quais motivos, não tiveram essa oportunidade de enriquecer o seu cabedal de conhecimento de mundo.
Não quero dizer de modo algum que mesmo depois de certa idade a gente não sinta emoção, pelo contrário, a emoção ela faz parte de nossa existência, só que ela com o tempo vai sendo lapidada em nosso interior e, segundo a idiossincrasia de cada um de nós, vai sendo trabalhada até atingirmos um ponto de equilíbrio. É o que ocorre – não é regra geral – com os mais experientes.
Diante do exposto uma coisa é certa: com ou sem emoção, com ou sem razão, a vida nunca deixará de ser uma escola onde, o tempo, nosso professor, nunca cansa de nos advertir - sem aplausos - que precisamos melhorar isto ou aquilo em determinada área de nossa vida.
Nesse dia sete (7) de setembro, o tema exposto acima, não faz refletir sobre a ruptura de uma coisa e outra, mas dosar, sem exageros e atropelos, a importância da liberdade de escolha que temos diante de nossos olhos! Que saibamos fazer escolhas que não beneficiem só a nós mesmos, mas pensando na coletividade: "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!'
Laudate Dominum
"Coisas do Cotidiano"
Em "Coisas do Cotidiano", o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana”.
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