Em plena Sexta-feira Santa presenciei, ou melhor dizendo assisti a uma discussão descabida sobre religião.
O assunto começou sobre abstinência de carne no dia, uma das pessoas a favor e a outra, contra. Inicialmente cada uma defendia o seu ponto de vista e era possível entender. À medida que os ânimos se exaltaram, a discussão foi resvalando para outro lado, virou ataques, colocaram política no meio, e ficou impossível continuar acompanhando.
Por mais de uma vez pensei em intervir, mas pelo tom e fanatismo que tomaram conta da conversa, percebi, assim como outras pessoas também perceberam, que não adiantaria.
Muitos não concordam com o ditado “política, futebol e religião não se discutem”, mas em situações como esta não há como argumentar. Quando pessoas começam a usar expressões como “o meu Jesus isso, o meu Jesus aquilo”, como se a sua crença fosse superior à do outro, e no caso em questão mais sério ainda, porque falavam do “mesmo” Jesus, não há argumento que adiante.
Ninguém vive sem religiosidade, independente da religião que siga. Até os que se dizem ateus precisam acreditar em algo, dão nomes diferentes, mas é indiscutível que existe uma força superior, ou a vida não teria sentido. A questão aqui não é qual é a religião de um ou outro, ou no que um ou outro acredita. O triste da história é ver pessoas disputando Deus, cada uma querendo provar que o “Seu” é o melhor, e mais triste ainda ver isto acontecendo exatamente no dia das celebrações da Sexta feira da Paixão.
Este tipo de fanatismo misturado com arrogância de ambas as partes vai de encontro ao exemplo do próprio Jesus, que pregou igualdade. Do que adianta bater no peito e se dizer muito religioso, se a pessoa o faz com o sentimento de superioridade de ser a sua religião a melhor, o seu Deus o melhor, sempre voltado para o que julga “seu”?
Nesta discussão que não levou a lugar algum, ninguém convenceu ninguém, ninguém venceu, e as duas pessoas se machucaram, em uma prova viva de que o que realmente importa não é a sua religião ou o modo como você vê o “seu” Jesus, o que importa é seguir, ou pelo menos tentar seguir os ensinamentos que cada Semana Santa vem tornar mais vivos para todos nós, cristãos.
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