Ao terminar um texto sobre a cerimônia do Dia da Independência, ocorrido na Praça Tiradentes, seguindo todos os protocolos que o momento exige, fui literalmente bombardeada com fotos inacreditáveis, sobre o feriado prolongado, em todo o país.
Praias lotadas no Rio de Janeiro, “pancadões” em diversos pontos de São Paulo, bares “entupidos” em Belo Horizonte, cidades turísticas cheias de gente pelas ruas, sem máscaras e sem o menor cuidado com distanciamento.
Como podemos cobrar das autoridades, quando a própria população não colabora? Por população, leia-se pessoas com este tipo de atitudes. Não são todos, é claro. Mas como ficam aqueles que se cuidam, que entendem que abertura do comércio não significa jogar por terra todos os cuidados tomados até então?
A pandemia não acabou. Ainda não existe vacina. O risco ainda existe, para todos nós. Dói o coração pensar que enquanto alguns precisam sair para o trabalho, com medo, arriscando-se a se contaminar, outros saem para diversão, sem o menor cuidado, brincando com a própria vida e com a dos outros.
A pessoa “não acredita”. Politiza uma doença, seguindo a cabeça de ídolos de barro. Julga-se mais entendida do que a Organização Mundial de Saúde, coloca-se acima de Deus. Tudo bem, problema dela. Pensar assim é problema dela, mas no momento em que o seu pensamento resulta em atitudes que colocam a vida alheia em risco, o problema passa a ser do outro, também.
O problema é de todos nós. Meu, seu, do vizinho, do colega de trabalho, do pai, da mãe, dos filhos. Ainda que, em uma utopia, as milhares de pessoas que se aglomeraram pelo país a fora, sem o mínimo de cuidado, sejam todas assintomáticas, estas pessoas vão encontrar outras, que por sua vez vão encontrar outras, e é assim que o vírus continua circulando. Será tão difícil entender?
Em Ouro Preto, especificamente, as cerimônias que marcam o motivo do feriado seguiram o protocolo. Poucas pessoas, autoridades e representantes de entidades mantendo o distanciamento e todos de máscara, transmissão via internet, etc. Corretíssimo. Mas fora disto, ruas lotadas, carros chegando a cada minuto nos distritos, gente bebendo e se abraçando pelos bairros... uma coisa inviabilizando outra.
Se tudo tivesse acontecido seguindo os protocolos, seria outra história. Somos uma cidade turística, nosso povo é receptivo aos turistas e estes são muito bem vindos. Mas tanto turistas quanto moradores precisam agir com responsabilidade, e o que vimos neste último feriado prolongado, infelizmente, foi uma grande falta de responsabilidade, respeito e amor ao próximo. Agindo assim, como podemos exigir que as autoridades façam diferente? Não seria muito mais lógico nos unirmos, moradores, turistas, autoridades, para superarmos juntos estes momentos difíceis e chegarmos o quanto antes ao novo normal?
Agora só nos resta torcer e rezar para que a conta não chegue alta demais e, principalmente, para que ela não seja cobrada indevidamente, de quem não fez por merecer.
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