“Quixote, tente outra vez!” na Coluna Viagens Literárias de Priscilla Porto

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Por Tino Ansaloni Publicado em 17/12/2014, 13:33 - Atualizado em 18/12/2014, 10:29
Dom Quixote de la Mancha era precursor de Raul Seixas? A fidalguia esguia. O perfil sutil (será?). A barba sábia. Dom Quixote saiu de sua terra. Saiu de seu casulo, pois “é de batalhas que se vive a vida”. E, junto, foi seu anjo da guarda, o escudeiro Sancho Pancha. Ou seria o anjo de verdade, o fiel cavalo Rocinante? Dom Quixote saiu de sua terra. Saiu de seu casulo. Em busca de justiça ou em busca de si mesmo? Onde é, e quando é, durante nossa curta vida, o momento em que realmente nos encontramos? Será no momento em que somos sinceros e desejamos profundo? Nossos ilusórios castelos e os moinhos de ventos... Brigamos, durante a vida, contra quem? Ah, Raul Quixote... lutamos contra nós mesmos. Não é nada fácil, SER. E é preciso, e temos a obrigação de saber: caiu? Levante-se! “Tente outra vez!” A ninguém é permitido desistir. O mundo está girando e não podemos ficar parados. “Há uma voz que gira.” E haja o que houver, se aqui estamos, a opção é só uma: “Tente outra vez!” Personagem de Cervantes, músico de Deus: duas pessoas em uma só? O engenho imaginoso de Quixote se transfigurando na genialidade musical de Raul. “Tenha fé em Deus, tenha fé na vida” E ao encontramos, ou ao perdermos, em nossa caminhada, nossas “Dulcinéias”, o que fazer? Se correspondido o amor, “Basta ser sincero e desejar profundo”. Se amor platônico: “Levante sua mão sedenta e recomece a andar”. A paródia de Cervantes às novelas medievais representa a paródia que somos nós de nós mesmos? Não importa. A vida não é hora de questionamento. É permitido somente, ao se perder as batalhas contra os moinhos de vento, uma alternativa: VAI! Pois você será capaz de sacudir o mundo, ao tentar outra vez. Raul herói de muitos. Quixote herói decadente. E, nós? Nós somos os heróis de nós mesmos. Pois é de batalhas que se vive a vida! E caso perca algumas delas, siga o conselho do Raulzito, talvez nem tão maluco: “Tente outra vez!” E a esfera da imaginação dos capítulos iniciais do livro de Cervantes, se transmutando na obra, e em nossas próprias obras, nos limites irremediáveis da realidade. Ah, nem! Ah que não seja! Prefiro ser D. Quixote, prefiro ser Maluco Beleza. Então: não seja cavaleiro de Triste Figura, erga a cabeça! “Tente outra vez” e descubra em si o fidalgo, assim como se auto intitulou o cavaleiro andante, de fértil imaginação: Dom Quixote de la Mancha. E não ouse cogitar: que a cabeça aguenta, se você parar. Priscilla Porto Autora dos livros "As verdades que as mulheres não contam" e "Para alguém que amo - Mensagens para uma pessoa especial".

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