Leia aqui na Coluna Valdete Braga: “Invertendo Valores”

Mais uma consciente reflexão da Escritora e Colunista Valdete Braga

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Por Tino Ansaloni Publicado em 15/11/2014, 12:20 - Atualizado em 15/11/2014, 12:22
Por Valdete Braga Descia a Rua da Escadinha e à minha frente caminhava um senhor de certa idade. Não era idoso, mas também não era jovem. Aparentava uns 60, 65 anos. Como sempre, eu caminhava “lerdamente”, sem ver nada nem ninguém, absorta em meus pensamentos. (De vez em quando até caminho falando sozinha, mas sou normal). Quando eu ia atravessar a rua para andar mais rápido, a carteira caiu do bolso do senhor. Chamei-o e avisei “moço, sua carteira caiu”. Apanhei a carteira e entreguei a ele. Obviamente, eu estava preparada para um “obrigado”, mas não esperava o que aconteceu. O senhor agradeceu-me tanto, mas tanto, cobriu-me de elogios a ponto de eu ficar sem graça. Disse que ele tinha acabado de pegar o pagamento no Banco e que eu era “muito honesta”, que “outra pessoa não faria isso”, e agradeceu, agradeceu, agradeceu tanto, que eu já não sabia o que falar. Incrível como os valores estão tão invertidos, que o óbvio vira um grande favor, a regra vira exceção. Para mim, devolver uma carteira para o dono é a coisa mais natural do mundo, e assim deveria ser para todos. Não importa se dentro dela tem dez reais ou o pagamento do mês, é dele e pronto. Caiu, eu vi e devolvi, simples assim. Fiquei constrangida com tantos agradecimentos, e ouvir “se fosse outro não faria isto” deixou-me triste pelo mundo em que vivemos. Conheço muitas pessoas que fariam, sim, mas infelizmente grande parte não faria mesmo. Colocaria a carteira no bolso e quando o dono percebesse estaria sem o pagamento, possivelmente, de aposentado. Lembrei-me de uma vez em que a caixa da padaria deu-me troco a mais, eu devolvi, e ela teve reação semelhante. Fazer a coisa certa está virando exceção e ser honesto, motivo de elogios. Não! Entregar a carteira e devolver o troco não é mais do que a minha obrigação. Não é mais do que a obrigação de qualquer cidadão de bem. Que mundo é esse em que o normal é enganar, roubar, mentir? Que mundo é esse onde um ato tão natural, instintivo mesmo, parece uma coisa do outro mundo? Será que o mal está tão forte assim, tão arraigado na mente humana que nos esquecemos do bem? Precisamos mudar isto. Voltar aos valores dos nossos pais e avós e transmiti-los aos nossos filhos, enquanto ainda é tempo. Precisamos voltar ao certo e errado, à honestidade como regra e não exceção. Só assim melhoraremos este mundo conturbado em que vivemos.

Um Comentário

  1. Ana Cláudia 15/11/2014 em 15:57- Responder

    Já estava sentindo falta dos textos da Valdete Braga, sempre simples e direto, excelente reflexão. Parabéns, Val!

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