Jovem escreve conto para apoiar quem sofre a tensão da segunda fase do Enem

A autora Belle Leal tem apenas 17 anos e está sentindo isso na pele. Inspirada pelo momento, ela escreveu um conto que pode ser uma distração e apoio pra outras jovens na mesma situação. Crédito-Divulgação.

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Por Belle Leal Publicado em 07/11/2019, 16:01 - Atualizado em 07/11/2019, 16:09

Todos sabem que o Enem é um período tenso para os jovens brasileiros. O primeiro dia já foi, mas as inseguranças não desgrudam! Neste domingo (10/11) acontece o segundo e último dia de prova do exame que é porta de entrada para as melhores universidades do país.

Segue abaixo o conto escrito pela autora que garante os cinco minutos de leveza que os jovens precisam antes de voltar aos estudos.

Gabaritei seu coração

            ─ Amado? ─ Chamei pelo que pareceu ser a sétima vez. ─ Rafael, pelo amor de Deus! A gente tem trinta minutos pra chegar no colégio.

            ─ JÁ TÔ INDO! ─ Berrou ele do lado de dentro antes de abrir a porta. ─ Eu hein, beloved! Quanto estresse às oito da manhã...

            Olhei feio para meu namorado, retrucando:

            ─ Eu tenho todos os motivos pra estar estressada às oito e seis da manhã. O aulão começa em... ─ Olhei as horas no relógio em seu pulso. ─ ...vinte e quatro minutos, Rafael!

            ─ Você esqueceu que eu moro a três quadras da escola? ─ Perguntou ele com um sorriso doce no rosto.

            Meus pais estavam viajando, e só chegariam no dia seguinte. E, já que meus avós moravam muito longe da minha escola, tia Susana, mãe de Rafael, disse que eu poderia passar o fim de semana dividindo quarto com Renata, minha cunhada.

            Mamãe sabia que eu tinha juízo. Mas, papai ainda me via como um bebê usando fraldas. Então, depois de muita conversa, meu pai liberou minha estadia na casa da minha fake family.

            Respirei fundo.

            Eu estava tão nervosa nessa última semana... Tinha certeza de que não havia parado minuto algum para fazer algo tão simples como respirar fundo. Mas, Rafael estava sendo um verdadeiro anjo para mim... E eu não podia simplesmente descarregar toda a minha angústia nele.

            ─ Me perdoa, baby.... ─ Enrosquei meus braços em seu tronco e escondi minha cabeça em seu peitoral, inalando seu cheiro delicioso que tinha o mesmo efeito de 2mg de rivotril. ─ Eu passei a semana todinha sendo uma verdadeira vaca com você. E, apesar dos meus estresses e dos surtos, você ainda fez massagem no meu pé antes de a gente dormir ontem à noite

            ─ Prometo que vou fazer massagem no seu pé mais tarde também se você deixar eu te beijar agora... ─ Brincou, com um leve toque de seriedade. Ele sabia exatamente como me subornar. ─ Eu te amo, Paula. Quando é que você vai entender isso? Eu te amo apesar dos seus estresses e dos seus surtos.

            ─ Ai, amor... Por que você foi falar isso? ─ Murmurei, sentindo os meus olhos marejarem. ─ Eu acho que vou chorar.

             ─ Então, chora, minha linda. ─ Rafael acariciou meu rosto com todo o cuidado do mundo. Suas mãos tremiam levemente. ─ Eu marco dez minutos no cronômetro do celular pra você chorar.

            Era o que eu precisava para desabar aos prantos e me agarrar nele com toda a minha força.

            ─ Por que você continua se pressionando assim? ─ Ele nos guiou para dentro do quarto e sentou na cama ainda bagunçada, me aninhando em seus braços. ─ A gente já conversou tantas vezes sobre isso, amorzinho...

            ─ Eu sei. ─ Solucei. ─ Mas, eu venho me preparando há anos pra esse momento. E, apesar de saber que é só um vestibular, eu sinto que não vou aguentar a pressão se não passar!

            Rafael me abraçou ainda mais forte, como se tentasse transmitir o amor que ele sentia por mim através de osmose.

            ─ Se não der certo, o que eu acho difícil de acontecer, você tenta de novo. E de novo. E quantas vezes for preciso até você conseguir. ─ Beijou minha testa. ─ Cursinho não é o fim do mundo. Mas, você precisa entender que uma prova nunca vai medir capacidade de alguém.

            Não sei quanto tempo passamos ali. Porque pareceu uma vida inteira.

            Eu sabia que precisava daquele momento. Eu tinha necessidade de colocar para fora toda a angústia e todo o medo que havia dentro de mim.

            E, de algum jeito, Rafael sabia disso e eu só consegui amá-lo ainda mais.

            ─ Eu te amo, Rafael Lins Albuquerque. Amo exageradamente. ─ Murmurei, sorrindo entre as lágrimas. ─ Muito obrigada por tudo o que vivemos juntos. Eu não seria metade de quem sou hoje sem você.

            Ele ergueu meu queixo e me beijou suavemente, dizendo:

            ─ E eu tenho muito orgulho de quem você é, meu amor.

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