A Morte de Eduardo Campos e os Cenários Políticos da Eleição Presidencial, na Coluna Falando Francamente

Home » A Morte de Eduardo Campos e os Cenários Políticos da Eleição Presidencial, na Coluna Falando Francamente
Por Tino Ansaloni Publicado em 13/08/2014, 19:07 - Atualizado em 13/08/2014, 19:20
Foto-Eduardo Campos durante evento em Belo Horizonte Crédito-Jornal O tempo   Antonio Marcelo Jackson F. da Silva* Horas após a notícia da morte em acidente aéreo do candidato Eduardo Campos, ainda que se apresente inquestionavelmente os pêsames à família e amigos verdadeiros do candidato e todos que estavam à bordo do avião, torna-se inevitável uma breve reflexão sobre as consequências políticas quando estamos a cerca de dois meses das eleições gerais. O primeiro deles é lembrar que a chapa formada por Campos e Marina Silva jamais significou a reunião de dois nomes de um mesmo partido, mas sim, a união de um grupo tradicionalmente vinculado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) e que tinha em Eduardo Campos seu principal nome, e outro derivado da Rede Sustentabilidade liderada por Marina e que não conseguiu registro no Tribunal Superior Eleitoral. Com isso, ainda que seja possível mudar a fisionomia da chapa, não significa dizer que a liderança será de Marina Silva, afinal “na vida que segue” a presença da política acreana no referido partido é circunstancial e, frente a isso, caberá ao PSB a escolha de um novo “cabeça de chapa”. Entretanto, esse novo nome será aceito pacificamente por Marina, como fora o caso da relação mais do que civilizada dela com Campos? E, caso contrário, numa relação pouco amistosa, seria aceitável o adiamento – para dizer o mínimo – dos projetos de poder do PSB e da Rede? Cabe aguardarmos. Superado esse primeiro dilema, como será operacionalizada a campanha? No mais provável dos cenários, os marqueteiros e agências de publicidade já devem ter prontos discursos onde o apelo ao “herói morto”, vinculado a imagem do avô também falecido na mesma data e com um histórico de lutas contra a “ditadura militar”, devem capitanear as ações e buscar a maior proximidade possível com o temperamento emotivo do brasileiro médio. Nesse caso, quanto mais rápida for a escolha, mais tal vínculo poderá ser produzido e as pesquisas realizadas nas primeiras semanas indicarão o caminho a seguir. Porém, quando olhamos essa paisagem e retornamos ao parágrafo anterior, percebemos o grau de dificuldade que será apresentado à coligação partidária e a escolha mais aceitável. Novamente somente o tempo dirá. Outra possibilidade de cenário reside no fiasco de uma escolha e a perda dos prováveis eleitores indicados nas pesquisas (a Campos cabia algo em torno de 9% das intenções de voto). Nesse caso podemos vislumbrar duas possibilidades: a primeira – muito pouco provável por diversas situações já visualizadas -, é a chamada “transferência de votos” de um candidato para outro, e caberia a Dilma e Aécio (ou melhor, a seus marqueteiros) um conjunto de ações que capturassem os “órfãos” (com o perdão do uso de tal expressão em uma hora dessas) de Eduardo Campos para suas respectivas searas. Já a segunda possibilidade reside em outro cálculo, a saber, o índice de rejeição dos candidatos supracitados, ou seja, de acordo com as pesquisas, qual dos nomes – Dilma ou Aécio – possui maior rejeição do eleitorado? Conforme a resposta, os votos podem migrar para um dos políticos acima. Nesse segundo caso existem inúmeros exemplos onde a rejeição a um nome foi determinante para que parte dos eleitores de determinado candidato migrasse para outro na medida da rejeição. De qualquer modo, uma eleição que se apresentava sem muitas novidades, se vê num desses lamentáveis caprichos do destino a um sem número de cenários possíveis. Vamos aos desdobramentos. *Doutor em Ciência Política pelo IUPERJ; professor da Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP

Deixar Um Comentário