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Veja como foi o 21 de Abril em Ouro Preto-MG

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Por Tino Ansaloni Publicado em 23/04/2014, 21:58 - Atualizado em 24/04/2014, 19:33

Por Dalília Caetano

Um pouco da história do 21 de Abril

Na noite do dia 21 de abril, a Praça Tiradentes em Ouro Preto, mais uma vez, foi palco da cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência. Desde 1890, o dia 21 de abril, é declarado feriado em memória do Mártir da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

A solenidade vem sendo incrementada desde 1894, quando os militares e civis usavam a antiga Praça da Independência para proferir discursos de exaltação à Tiradentes, sendo animados com as corporações musicais e apresentações de grupos religiosos. Mas foi no governo de Getúlio Vargas que essa data ganhou peso e os militantes da Inconfidência Mineira foram exaltados por meio da política nacionalista praticada por Getúlio. Nesta ocasião foi criado o Panteão dos Inconfidentes no Museu da Inconfidência.

Durante a Ditadura Militar (1964-1985), Tiradentes foi declarado Patrono Cívico da Nação Brasileira (lei nº 4897, de 09 de dezembro de 1965) e as cerimônias em comemoração ao seu dia seriam novamente modificadas. Em 1952 no governo de Juscelino Kubitschek a cerimônia passa a ser endossada com a entrega da Medalha da Inconfidência a personalidades que contribuem ou contribuíram de alguma forma em benefício do Estado de Minas Gerais.

 

Restrições ao público

Movimentos populares passaram a usar o evento como espaço para realizar suas reivindicações e protestos contra o Estado. O número de pessoas que vinham participar da cerimônia aumentou gradativamente ao longo dos anos, gerando problemas com a segurança das autoridades. Sob a alegação de que deveria haver maior segurança pública o Governo do Estado decide adotar estrutura mais rígida restringindo a participação popular no evento.

  Como foi esse ano

A solenidade deste ano teve como orador o senador Aécio Neves (PSDB) que ressaltou a necessidade do controle da inflação, a justa distribuição de renda, além da justiça tributária e de novo pacto federativo.

O Prefeito de Ouro Preto, José Leandro Filho (PSDB) utilizou a tribuna e pediu o apoio do Governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (PP), para solucionar os problemas relacionados à poluição dos córregos da cidade. “É obrigação do Estado contribuir para que seja realizado o saneamento básico dos rios em nosso município. Principalmente de rios importantes como o Rio Doce e Rio São Francisco. Todas as nascentes de Ouro Preto compõe esses dois rios e todas estão poluídas, sendo assim é de grande importância que o Estado de Minas participe conosco da despoluição destes córrego, pois não temos recursos para realizarmos sozinhos esse trabalho, declarou o prefeito.

A medalha foi entregue pelo governador de Minas Gerais e por outras autoridades, entre elas o Prefeito de Ouro Preto, a 240 personalidades e entidades que contribuíram ou contribuem para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. A Medalha da Inconfidência é a maior comenda concedida pelo Estado, entregue anualmente e possuiu quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.

Entre os agraciados Ouro-pretanos e pessoas vinculadas à cidade estavam o Pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar,  Padre Marcelo Santiago; o Vice prefeito de Ouro Preto, Chiquinho Xavier; representando a Fundação Sorria que completa 25 anos de existência, o diretor Francisco Galdino dos Santos; o Professor do Departamento de Geologia do Petróleo da Fundação Gorceix, Wilson José Guerra; O Promotor de justiça, Flavio Jordão Hamacher, e o empresário Paulo Rogério Ayres Lages.

Está foi a 63ª Solenidade, que coincidiu com os 30 anos do Movimento Diretas Já e os 25 anos da Constituição do Estado. Anteriormente ao inicio da cerimônia foi realizado o lançamento do livro Liberdade, Essência de Minas Gerais, editado por meio da Imprensa Oficial do Governo de Minas e outros órgãos estaduais.

A abertura da cerimônia aconteceu às 19h, quando o Tenente João Paulo Piusa da Silva, da Academia de Polícia Militar, recebeu das mão do Cavalheiro da Inconfidência a tocha com o fogo simbólico, que foi conduzido em direção ao palanque oficial. A tradicional cavalgada dos Cavaleiros da Inconfidência teve inicio no dia 21 de março trazendo a chama da liberdade. Os cavaleiros saíram da cidade de São Lourenço, no sul de Minas Gerais, percorrendo cerca de 420 quilômetros até chegarem a Ouro Preto.

O Governador de Minas passou em revista a Tropa de Honra do Governo do Estado e o Capitão Mauro César de Souza, Comandante da Guarda de Honra, anuncia a formação da Tropa para início da Solenidade. Logo após o Governador do Estado de Minas acompanhado do Senador Aécio Neves, depositam uma coroa de flores no monumento ao mártir Tiradentes.

Em seguida os presentes assistiram salva de vinte um tiros em homenagem ao Mártir da Inconfidência Mineira, executada pelo batalhão de Polícia de Guarda, sob o comando do tenente Marcos Rodrigues dos Santos.

O cantor e compositor Marcus Viana executou umas de suas mais mineiras composições, "Pátria Minas" acompanhado pelo Grande Coral da Inconfidência e pelo Conjunto Cantos de Minas, um dos mais emocionantes momentos da celebração.

Na cerimônia desse ano, os discursos foram antecipados até mesmo ao momento da entrega das medalhas, o que não acontece normalmente nos anos anteriores.

 

Manifestação e insatisfação da população

Uma cerimônia de grande relevância e de grande valor histórico, mas, que, ao longo dos anos vem causando transtornos para os moradores, devido aos grandes palanques montados, com dias de antecedência, na Praça Tiradentes, que é totalmente tomada pelo material, caminhões, geradores de energia e outros, dificultando o trânsito de pedestres e veículos com ruas impedidas e alterações na rotina da cidade.

Outro motivo de insatisfação é a não permissão da participação do público na cerimônia. Durante todo o dia do evento que, atipicamente esse ano aconteceu às 19 horas, a circulação de pessoas já é limitada por grades e nas horas que antecedem a cerimônia, somente é permitida a entrada na Praça Tiradentes, de pessoas credenciadas e imprensa.

As manifestações, que vinham se tornando comuns durante o evento de 21 de Abril, quando as reivindicações podiam ser ouvidas pelos políticos presentes na Praça Tiradentes, foram sendo reprimidas ao longo dos anos, com o distanciamento da Praça Tiradentes, de onde só se ouve os gritos dos manifestantes em determinados momentos, quando o som dos equipamentos da cerimônia não são usados. Atualmente os manifestantes são impedidos de se aproximar, sendo bloqueados pelos policiais nas delimitações feitas com grades colocadas à mais de 50 metros da Praça Tiradentes.

Nesse 21 de Abril um grupo de manifestantes foi barrado na Rua Conde de Bobadela, conhecida como Rua Direita, de onde destinaram palavras de ordem aos políticos presentes na Praça Tiradentes, que, em alguns momentos puderam ser ouvidas. O grupo, composto por cerca de 30 pessoas se organizou para protestar pela liberdade e pela democracia que o dia celebra. As reivindicações também foram devido ao evento tolir a liberdade de ir e vir da população.

 

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