Ícone LGBTQIAPN+ da história de BH, Cintura Fina é homenageada no Memorial Vale

“Alegoria da Cintura Fina: a rainha da navalha” coloca em evidência imagem de personalidade marcante da história dos movimentos LGBTQIA+, que deixou marcas no imaginário belorizontino.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 12/06/2024, 13:24 - Atualizado em 12/06/2024, 13:24
Foto — Pintura digital, com mais de 3m de altura, ocupará espaço central no prédio do Memorial Vale. Crédito — Reprodução. Siga no Google News

Em junho, mês dedicado ao orgulho LGBTQIAPN+, o Memorial Vale conta com programação para celebrar a diversidade e a identidade de gênero. Um dos destaques é a sobreposição da Alegoria da República, pintura que representa os ideais políticos e econômicos da época da construção de Belo Horizonte, pela “Alegoria da Cintura Fina: a rainha da navalha”, travesti, negra e defensora de pessoas LGBTQIAPN+. 

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A convite do Programa Educativo do Memorial Vale, o arte-educador Gustavo Rodrigues, desenvolveu a obra apresentando como destaque questões sociais que atravessam o corpo trans e a história da cidade de Belo Horizonte. A imagem estilizada de Cintura Fina - com 1,70m X 3,40 - é uma pintura digital que estará exposta no Museu durante todo o mês.

O Memorial Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, fica na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e tem entrada gratuita. Saiba mais em https://memorialvale.com.br/pt/ .

Cintura Fina, cearense, negra e travesti, é uma personalidade marcante da história dos movimentos LGBTQIA+ de Belo Horizonte. Ela transitou pelo universo boêmio da capital mineira entre os anos 1950 e 1970, defendendo sua rede de sociabilidade. A sua resistência deixou marcas no imaginário belorizontino, a exemplo da navalha, objeto usado como proteção aos ataques transfóbicos.

“Cintura foi resistência em uma sociedade conservadora, uma figura importante na luta LGBTQIAPN+I da cidade e do país, que afinal é o que mais mata pessoas trans no mundo. Ela foi uma sobrevivente. Esta Alegoria vai dar visibilidade e reconhecimento para sua história, honrando a sua memória e as memórias de mulheres trans e travestis da cidade”, conta Wagner Tameirão, gerente do Memorial Vale. Durante todo o mês, o Educativo do Memorial Vale realizará visitas mediadas, aos finais de semana, através do Percurso República, criando um diálogo sobre a sociabilidade dos movimentos LGBTQIAPN+ e a história da capital.

A rainha da navalha

Uma das precursoras da luta contra o preconceito de pessoas LGBTQIAPN+, Cintura Fina viveu uma vida de resistência e luta em Belo Horizonte. Entre os anos 1950 e 1970, ficou famosa pela habilidade com as navalhas que usava para se defender ao ocupar os espaços públicos da cidade.

Nascida em Fortaleza, Cintura Fina chegou à capital mineira em 1953 e trabalhou como cozinheira, faxineira, lavadeira, gerente de pensão, profissional do sexo, alfaiate, cabeleireira e gari. A imprensa mineira explorava sua imagem usando o gênero masculino e a apelidando de “rei da navalha”.

A história de Cintura em BH é detalhada no livro “Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte“, de Luiz Morando. Na obra, o pesquisador mostra como a mídia da época retratava a travesti e tenta desvendar sua trajetória na cidade por meio de registros policiais, notas em jornais e depoimentos de moradores. Em 1998, Cintura Fina ficou conhecida nacionalmente através da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Foto — Pintura digital, com mais de 3m de altura, ocupará espaço central no prédio do Memorial Vale. Crédito — Reprodução.

Serviço: Memorial Minas Gerais Vale

Endereço: Praça da Liberdade, nº 640, esquina com Rua Gonçalves Dias, Savassi.

Horário de funcionamento: Quarta, sexta e sábado: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quinta, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingo, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h. Entrada Gratuita

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